Sem categoria

Sem acordo sobre Itaipu, Lula e Lugo vão prosseguir o diálogo

O governo brasileiro não atendeu às reivindicações do Paraguai sobre a hidrelétrica binacional de Itaipu. Depois de mais de três horas de conversações em Brasília entre os presidentes paraguaio, Fernando Lugo, e brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, foi

''O presidente Lugo entendeu que era preciso aperfeiçoar algumas coisas e colocar mais coisas'', disse Lula aos jornalistas, para explicar a não-assinatura. Comentou ainda que Itaipu é um tema muito sensível e ''nervoso'' para os dois países.



Paraguai ''não renunciou a suas reivindicações''



Lugo e Lula se reuniram primeiro apenas os dois, a portas fechadas, durante uma hora na tarde de quinta-feira (7). Em seguida, houve uma rodada com ministros e assessores, no Palácio do Itamaraty. E o diálogo prosseguiu durante o jantar oferecido pelo anfitrião brasileiro. No entanto, não houve acordo quanto a Itaipu.



''O Paraguai não renunciou a nenhuma de suas reivindicações'', afirmou Lugo, Ele falou à imprensa ao lado de Lula, na Base Aérea de Brasília, antes dos dois embarcarem para  para Campo Grande (MS), onde inauguram o Trem do Pantanal, ferrovia que ligará o Brasil, Paraguai e Bolívia.



''Embora não tenhamos assinado nenhum acordo, a reunião foi produtiva porque detectamos pontos em que nós temos que avançar'', disse Lula. ''Não existe tabu nas nossas conversações… Estou convencido de que nós poderemos avançar'', agregou.
Lula também concordou com a afirmação de Lugo, na véspera, de que ter um ''vizinho pobre'' não interessa a ninguém. ''É uma filosofia do nosso governo garantir que os países que têm fronteira com o Brasil tenham possibilidade de ter o mesmo desenvolvimento que tem o Brasil. Não queremos ser uma ilha de prosperidade no continente cercada por países com dificuldades'', disse.



No Paraguai sentimento é unânime



Fernando Lugo elegeu-se presidente do Paraguai, em abril do ano passado, com uma plataforma que destacava a reivindicação de renegociar a partilha da energia gerada pela usina hidrelétrica binacional de Itaipu, na fronteira com os dois países. Lugo diz que o tratado assinado em 1973, pelas ditaduras que governavam então nos dois países, contém cláusulas danosas ao Paraguai. Este é obrigado a vender ao Brasil a energia que não consome, a preço considerado injusto, e proibido de vendê-la a outros países, como o Chile, a preço de mercado.



O Paraguai recebeu no ano passado US$ 130 milhões do Brasil, em troca de 45% da energia de Itaipu  – que foi a maior hidrelétrica do mundo até a conclusão da usina de Três Gargantas, na China el 2006. Pelos cálculos de Assunção, esta soma deveria se elevar para até US$ 2 bilhões.



No Brasil o tema divide tanto a opinião pública como o governo. O ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, com forte sustentação na mídia e da oposição conservadora, advoga uma linha de que o principal ''é inegociável'' e aceita apenas pequenas concessões compensatórias. Já a diplomacia brasileira, com apoio das forças progressistas e priorizando a integração continental, advoga um ''tratamento generoso''.



No Paraguai, ao contrário, há um sentimento unânime de que o país é desfavorecido na partilha da energia de Itaipu. Mas o país está dividido por uma tentativa conservadora de desestabilização ou mesmo derrubada de Lugo, a pretexto dos filhos que ele teria gerado quando era bispo católico. A frustração de um acordo com o Brasil, ao menos nesta visita, não facilita a tarefa do presidente paraguaio quando retornar a Assunção e à crise doméstica.



Da redação, com agências