Trabalhadores temem cortes após união Sadia-Perdigão
Os representantes dos trabalhadores da Sadia e Perdigão preocupam-se com as demissões que podem resultar da fusão entre as empresas. Atualmente, a Perdigão emprega 59 mil funcionários, enquanto na Sadia são 61 mil trabalhadores. “A fusão da Antarctica
Publicado 18/05/2009 14:09
Em Santa Catarina, Estado que concentra cerca de 30 mil trabalhadores das duas empresas, a Federação de Trabalhadores da Indústria da Alimentação (Fetiaesc) diz que vai pressionar para que se mantenha o nível de emprego. A Federação dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação do Paraná enfrenta dificuldades para negociar o reajuste salarial de parte dos funcionários da sede nacional da Sadia, que fica em Curitiba. “Estamos postergando as negociações para o reajuste dos administrativos desde fevereiro, porque a empresa não aceita negociar”, diz o presidente da federação, Ernane Garcia Ferreira.
Orestes Guerreiro, presidente da Cooperativa Regional de Produtores de Aves e Suínos (Coperavisu), que representa 3 mil produtores integrados de aves e de suínos da Perdigão no oeste catarinense, acredita que a união das companhias vai fortalecer o setor. “É bom porque sempre há o risco de o produtor ficar a ver navios quando uma empresa grande quebra”, diz.
Rudi Altenburger, um dos pequenos produtores de aves e suínos da Perdigão, acredita que o fim da concorrência entre as empresas pode reduzir o preço pago aos fornecedores. “A fusão só vai ser boa se os produtores conseguirem repassar seus custos.” Ele afirma que a empresa reduziu os pedidos depois da crise.
Demissões no Paraná
O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentos de Toledo (PR) anunciou, no domingo, que a Sadia demitiu no início deste mês mais de 300 funcionários da unidade local. A Sadia afirmou que, em razão “da necessidade de adequar seu nível de produção ao cenário econômico mundial, decidiu desativar o terceiro turno de aves em sua unidade de Toledo’’. Mas não confirmou o número de demitidos, “uma vez que há um trabalho no sentido de realocar funcionários’’.
A empresa informou ainda que, para minimizar o impacto da medida, transferiu os demais trabalhadores para os outros dois turnos. “A Sadia também ofereceu a essas pessoas oportunidades em outras unidades da companhia que possuem vagas em aberto.” O sindicato contestou. Disse que só em um dia da semana passada homologou 40 demissões de trabalhadores despedidos. Segundo a entidade, isso representa 40% da média mensal das rescisões trabalhistas desde o início do agravamento da crise.
Competitividade
A Sadia emprega quase nove mil funcionários na unidade de Toledo, perto de 8% da população local. Enquanto isso, produtores de suínos e aves em Santa Catarina, Goiás e no Paraná, que trabalham integrados à Sadia e à Perdigão, assim como entidades de classe de criadores, acham que a união entre as empresas poderá trazer benefícios e problemas.
Os produtores dizem acreditar que a compra da Sadia pela Perdigão elevará a competitividade no mercado internacional da nova empresa que surgir e que isso poderá gerar mais ganhos aos produtores integrados. O emprego na agroindústria, no entanto, deverá ficar mais restrito, já que duas empresas empregam, teoricamente, mais que uma só. Há, no entanto, preocupação com a perda do poder de barganha no momento de negociar preços e custos com a nova gigante do setor de alimentos que vai surgir após o negócio.
No sistema integrado, o criador oferece mão de obra, e a indústria fornece animais, ração e assistência técnica para aves e suínos. Em Santa Catarina, berço das duas companhias e onde surgiu o modelo de integração no país, tanto a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) como a Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) aprovam a criação da nova empresa.
Com informações do Diário Catarinense e de O Estado de S. Paulo