Bernardo: é tosca visão de que cortar gastos anula crise
Para o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, é uma “visão meio tosca” a daqueles que defendem cortes de gastos para combater a crise financeira internacional. Segundo ele, o problema é que o Brasil é um país complexo, que apresenta aspectos que exigem
Publicado 21/05/2009 12:57
Esse negócio de dizer que, em crise, corta gasto que resolve, me parece uma visão meio tosca, meio primária. Com certeza, não resolve, comentou o ministro no programa Bom Dia, Ministro! do sistema Radiobrás. Ele lembrou que, no passado, o governo cortava gastos e aumentava tributos. Agora, afirmou, não são os mais pobres que estão pagando pela crise. Bernardo argumentou que a União não pode dizer aos municípios que estão perdendo receitas nesta crise que “se virem”.
Na mesma entrevista, Paulo Bernardo afirmou que o restabelecimento das linhas de crédito nos níveis anteriores a setembro do ano passado, quando teve início a fase mais turbulenta da crise financeira internacional, deve ocorrer em breve. Segundo Bernardo, a oferta de crédito no Brasil está num nível anterior a setembro, quando era bastante abundante. “Estamos em um bom nível de crédito, mas ainda tem muita gente que se ressente. Ainda tem um aperto por conta de problemas de taxas de juros (altas) e de burocracia”, disse.
De acordo com ele, outra diferença entre a crise atual e as passadas é que o governo, nas crises anteriores, quebrava e tinha de pedir ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial. Bernardo lembrou que, além disso, o Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), vinculado à Presidência da República, constatou que diminuiu em março deste ano, em relação a outubro do ano passado, o número de pessoas que vivem na extrema pobreza. “As pessoas mais pobres não estão pagando pela crise”, disse o ministro.