Hamas e Fatá criarão órgão policial único em Gaza
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e o grupo al-Fatá anunciaram na cidade do Cairo (Egito) a disposição em criar um órgão de segurança conjunta em Gaza, enquanto realizavam a quinta rodada de diálogo para a reconciliação.
Publicado 21/05/2009 16:35
O dirigente do al-Fatá, Nabil Shaath, afirmou que as duas organizações rivais atingiram na terça-feira (19) um “acordo de princípio” para formar uma força comum que se encarregará da segurança na faixa costeira palestina até as eleições previstas para 2010.
Shaath foi citado pela agência egípcia MENA ao termo das conversas sustentadas no domingo no Cairo entre os dirigentes leais ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e os islamistas que controlam o território costeiro.
Analistas sustentam que o entendimento é chave para conseguir que a comunidade internacional canalize a ajuda financeira noiva para reconstruir Gaza depois da recente ofensiva militar israelense, que provocou em 22 dias mais de 1.400 mortos e 5.300 feridos.
Hamas e al-Fatá, as duas formações de maior peso político no povo palestino, retomaram no sábado o diálogo que tinham iniciado em março passado para definir os passos para o estabelecimento de um governo de unidade nacional. A reunião, que acontece sob a mediação do chefe da inteligência egípcia, General Omar Suleiman, também aborda a reestruturação dos órgãos de segurança em Gaza e na Cisjordânia, território ocupado por Israel onde predominan al-Fatá e a ANP.
Outro assunto que centra as discussões é a elaboração de um calendário para a realização das eleições presidenciais e parlamentares palestinas, dado que o mandato de Abbas expirou o 9 de janeiro último e a atual legislatura deve concluir a inícios de 2010.
O ponto mais complexo das práticas é a postura que adotará o futuro executivo com respeito a Israel, pois os islamistas se negam a assumir como próprios os acordos assinados pela ANP com Tel Aviv, a renunciar à resistência armada e a reconhecer ao estado judeu.
As conversas do Cairo produzem-se dias após que Abbas anunciou a formação de um governo palestino sem o Hamas.
No entanto, a máxima figura política dos islamistas, Khaled Meshaal, quem vive exilado na Síria, descartou que o movimento se incorpore a qualquer gabinete encabeçado pelo atual premiê saliente, Salam Fayyad, ao que tacham de pró-ocidental.
Abbas teve que renunciar ao prazo de 48 horas dado para juramentar ao executivo devido, entre outras razões, a carecer do apoio suficiente dentro do al-Fatá para a controversial figura de Fayyad.
Na terça-feira, o chefe mediador egípcio Suleiman pressionou aos palestinos e fixou o 5 de julho como prazo limite para que cheguem a um acordo definitivo, enquanto o presidente Abbas obteve da Síria e de outros países árabes apoio para a reconciliação de seu povo.