PC da Índia pede 'balanço autocrítico' do revés da Esquerda
O Partido Comunista da Índia (PCI) fez uma dura análise inicial sobre os resiltados das eleições gerais para o Parlamento Indiano, cujos resultados foram conhecidos no sábado (16). ''O PCI e a Esquerda como um todo sofreram um grave revés na eleição'', av
Publicado 21/05/2009 20:20
Tanto o PCI como o Partido Comunista da Índia (Marxista), ou PCI-M, assim como toda a Frente de esquerda que eles compõem, sofreram uma sensível redução de suas bancadas na Lok Sabha (''Casa do Povo'', equivalente indiano da Câmara dos Deputados). A Frente baixou de 59 para 24 deputados, embora seu desempenho tenha se mantido em torno de 30 milhões de votos e na casa dos 7% do total (veja a tabela).
A nota do PCI afirma que é preciso fazer ''uma análise detalhada deve ser feita no contexto político e organizativo que esteve na raiz do desempenho do PCI e da Esquerda. Embora a Unidade de Esquerda deva de ser reforçada, a Executiva considerou que deve-se fazer um balanço crítico e auto-crítico franco''. Veja a íntegra:
''A Executiva Nacional do Partido Comunista da Índia (PCI) realizou um exame preliminar das eleições gerais para a 15ª Lok Sabha. O veredito foi a favor do Partido Congresso e alguns de seus aliados. O PCI e a Esquerda como um todo sofreram um grave revés na eleição.
Os membros da Executiva Nacional expressaram as suas opiniões sobre os lemas políticos, táticas e medidas organizativas que estiveram por trás dos resultados eleitorais, do desempenho do PCI e de Esquerda como um todo.
Embora o povo tenha rejeitado a política comunalista [de defesa da discriminação de casta, com fundamentação religiosa] e a retórica dos líderes do BJP [partido da direita indiana], que não teve outra agenda, ele não apoiou o apelo por uma alternativa sem o BJP e sem o Congresso, apresentada pela Esquerda e seus aliados. As pessoas não consideraram isto como uma alternativa viável, estável realista na situação atual. Elas votaram a favor de um governo estável, especialmente quando o país se defronta com diversos desafios.
A esquerda também não podia prever o importante papel e contribuição que ela deu ao propor diversas medidas pró-povo, adotadas pelo governo [do Partido do Congresso], tais como o Nrega, os Direitos Florestais para as Tribos, a lei do direito à informação e assim por diante. O crédito de todas elas foi apropriado pelo Congresso.
Além dos fatores nacionais, determinados fatores específicos, estaduais, operaram por exemplo, em Bengala Ocidental e de Kerala [dois dos três estados governados pela Esquerda], o que envolveu diretamente o desempenho e a imagem da Esquerda. Os membros da Executiva Nacional também manifestaram sérias preocupações e apreenssões com o papel sem precedentes do poder do dinheiro nas eleições. Isto constitui uma grande ameaça para o sistema parlamentar.
A Executiva Nacional considerou que uma análise detalhada deve ser feita no contexto político e organizativo que esteve na raiz do desempenho do PCI e da Esquerda. Embora a Unidade de Esquerda deva de ser reforçada, a Executiva considerou que deve-se fazer um balanço crítico e autocrítico franco, sobre a forma com que a Frente de Esquerda trabalhou e abordou os problemas enfrentados por diferentes segmentos da população.
A Executiva enfatizou a necessidade de humildade e total ausência de arrogância no comportamento e atitude de todos os líderes e ativistas Esquerda em relação ao povo.
A Executiva Nacional chama as direções estaduais do PCI a rever os desempenhos eleitorais em seus respectivos estados.
A Executiva Nacional reunir-se-á no dia 3 de Julho e o Conselho Nacional do PCI entre 4 e 6 de julho 2009. A Executiva apela a todos os membros do partido para que forjem estreitos laços com as massas e trabalhem para defender os interesses do povo numa situação de crise conômica em aprofundamento.
Nova Delhi, 20 de maio de 2009,
A.B. Bardhan,
secretário-geral do PCI.''