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Ásia: Fim da guerra civil no Sri Lanka. E agora?

A guerra civil de 26 anos terminou na semana passada no Sri Lanka. O vitorioso presidente Mahinda Rajapakse estendeu a mão à comunidade tamil, mas os líderes dessa minoria acreditam que as feridas demorarão a cicatrizar. Rajapakse disse no parlamento que

Milhares de pessoas em toda ilha, incluída a região de maioria tamil, foram às ruas cantar e dançar depois que o governo declarou no final de semana a derrota dos Tigres e a morte de seu líder, Velupillai Prabhakaran. “Nossa intenção era libertar nosso povo tamil das garras do LTTE. Proteger os tamis deste país é minha responsabilidade, meu dever”, disse o presidente falando em língua tamil, na passagem inicial de seu discurso no parlamento, na terça-feira. “Todo o povo deveria viver em segurança, sem temores nem desconfianças. Todos devemos viver com igualdade de direitos”, acrescentou.


 


Mas, muitos tamis afirmam que a insegurança persiste e que o governo ainda não fez muito para ganhar a confiança desta comunidade. A discriminação e a incerteza permanecem, segundo eles. “Não somos os Tigres. Nem mesmo os apoiamos. Porém, mais do que combater o LTTE o governo reprimiu os tamis comuns. Ainda vivemos no terror”, disse um acadêmico residente no povoado de Jaffna, outrora reduto insurgente, que pediu para não ser identificado. As autoridades locais “pediram” à maioria dos comércios da cidade que colocassem a bandeira nacional em suas fachadas. “E os comerciantes concordaram, mais por medo do que por outra coisa”, acrescentou.


 


Ganeshan disse que os tamis precisam de garantias concretas de segurança e que se deve ordenar às forças armadas e à polícia que mantenham a lei e a ordem. Atacar os problemas profundos deve ser a prioridade, acrescentou. “A insurgência tamil começou por estas questões, que continuam sem solução após a derrota do LTEE”, acrescentou. As forças do governo sufocaram os rebeldes no norte e lese, após quase dois anos de intensa campanha. Os combates terminaram no último fim de semana com a libertação de vários civis presos e com o assassinato de Prabhakaran e vários de seus comandantes, incluindo seu filho, Charles Anthony, encarregado da força aérea do LTTE.


 


Milhares de soldados, rebeldes e civis morreram na campanha dos Tigres pela independência ou autonomia do norte e leste do Sri Lanka, onde os tamis são maioria (15% dos 20 milhões de habitantes deste país). Esta comunidade considera que sofreu meio século de discriminação no emprego, na educação e em outros serviços públicos controlados por funcionários de maioria cingalesa. Várias rodadas de negociações de paz desde 1983 terminaram por discordâncias consideradas insuperáveis pelos insurgentes.


 


Quase um milhão de tamis se exilaram desde 1983 para fugir da violência. Muitos apoiaram os Tigres,inclusive com dinheiro. Os emigrantes fizeram enormes mobilizações nas últimas semanas, até mesmo diante do parlamento da Grã-Bretanha e da Casa Branca, em Washington. Outras aconteceram, com presença de exilados cingaleses e tamis, para protestar contra violações de direitos humanos cometidas pelos dois lados na última fase da guerra civil. Várias embaixadas sofreram ataques de vândalos. Um quarto de milhão de civis fugiu dos combates e continuam em acampamentos de refugiados na cidade de Vavuniya.


 


O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, visitará os acampamentos a partir de hoje. A prioridade é atender os refugiados, segundo o jornalista Paikiasothy Saravanamuttu, diretor-executivo do não-governamental Centro para Alterantivas Polticias (CAP). Saravanamuttu considerou que se deve separar nos acampamentos os civis dos insurgentes. O governo prevê o retorno de 80% dos refugiados até o final do ano, quando estará completa a reconstrução de seus povoados. “Também é preciso avançar rapidamente para um acordo político. Porém, os irão querer o fim da insegurança em que estão imersos”, acrescentou o especialista.