Protestos, palanque quebrado e até o Laçador pedem Fora Yeda
A semana foi difícil para a governadora Yeda Crusius (PSDB). Na quinta (21) à noite, movimentos sociais levaram 860 velas acesas ao Palácio Piratini para protestar contra o período de "agonia para o Rio Grande". À tarde os deputados do DEM já haviam assin
Publicado 23/05/2009 18:00
(- Veja o vídeo da queda de Yeda do palanque ao final da matéria)
O requerimento que solicita a criação de uma CPI contra Yeda já conta com 17 das 19 assinaturas necessárias para que sejam iniciadas as investigações. Pouco antes das 13 horas da quinta, a bancada do DEM, com exceção do deputado José Sperotto, assinou o documento. Sperotto não compareceu à Assembleia, mas já havia adiantado que acredita na governadora e que mantém a posição de não aderir à CPI.
Os deputados Paulo Borges (DEM) e Marquinho Lang (DEM) já haviam declarado apoio à CPI, mas decidiram adiantar as suas assinaturas após as ameaças feitas por Coffy Rodrigues (PSDB) de pedido de impeachment do vice-governador, Paulo Afonso Feijó (DEM), que rompeu com Yeda e frequentemente acusa o governo de irregularidade, caso confirme que ele recebeu R$ 180 mil em uma operação comercial com uma universidade em 2007.
“Devido a uma atitude, do nosso ponto de vista antidemocrática, posso chamar de chantagem política o que ocorreu nessa casa”, afirmou Paulo Borges, se referindo ao pronunciamento de Rodrigues.
A suspeita de que a compra da casa da governadora possa ter utilizado dinheiro destinado à campanha eleitoral, por meio de caixa dois, é um dos pontos que a CPI se propõe a investigar. A governadora nega a irregularidade, valendo-se do arquivamento do caso pelo Ministério Público Estadual. A governadora também é suspeita de desvio de dinheiro do Detran-RS.
Segundo reportagem feita pela revista Veja na semana passada, gravações do empresário Lair Ferst, um dos acusados de participar dos desvios no Detran gaúcho, revelam que Carlos Crusius – marido de Yeda – teria recebido R$ 400 mil em espécie, que seriam supostas doações de campanha das fabricantes de cigarros Alliance One e CTA-Continental, das mãos do ex-assessor da governadora Marcelo Cavalcante.
De acordo com a revista, as gravações mostram um diálogo entre Ferst e Cavalcante, que foi assessor de Yeda entre 2002 e 2006 e coordenador de sua campanha eleitoral. O ex-assessor foi encontrado morto em fevereiro, em Brasília.O partido Psol também afirma ter documentos de denúncias contra Yeda.
A governadora entregou, em Brasília, documentos que rebatem as informações divulgadas pela revista. A tucana classificou as denúncias como "requentadas" e disse ter documentos que comprovam sua inocência.
Protestos e o Laçador
A manifestação realizada na noite de quinta em frente ao Palácio Piratini, no centro da Capital, foi marcada por 860 velas acesas para simbolizar o período de "agonia para o Rio Grande do Sul", iniciado desde a gestão tucana em 2007. Quando a passeata chegou ao Palácio Piratini, a presidente do Sindicato dos Professores (Cpers-Sindicato), Rejane de Oliveira, pediu para que cada manifestante colocasse a sua vela no chão. Ao final da composição, podia-se ler no escuro a palavra “impeachment” iluminada.
“Impeachment já é o nosso recado gravado. Ficaremos gritando isso até que se consiga arrancar Yeda do palácio porque ela não tem mais legitimidade para governar o Estado”, defende Rejane. Manifestações com velas e contra Yeda também ocorreram em Caxias do Sul.
O protesto no Laçador foi feito pelo movimento estudantil Mãos à Obra, formado por integrantes do "Tô de Cara Vermelha" e estudantes do Colégio Julio de Castilhos, universidades e outras escolas. O objetivo foi pedir "justiça em resposta imediata aos indícios de corrupção do governo Yeda e Feijó". A ação não durou muito. Iniciada às 6 horas, apenas 45 minutos depois dois policiais militares retiraram o poncho da estátua e deram fim a manifestação.
Queda imprevista
A governadora tomou um susto na sexta em pleno ato da agenda positiva que tenta construir com visitas e inaugurações de obras. Desta vez não foi uma denúncia de irregularidade ou tentativa de criar uma CPI, como a oposição tem feito nas últimas semanas, mas um quase acidente. A tucana discursava na cerimônia de inauguração de uma rodovia estadual em São Valentim, no norte do estado, quando as tábuas do palanque cederam.
Embora perdesse o equilíbrio, Yeda não chegou a cair. Amparada, a governadora saiu do palco no colo de um policial militar e retomou o discurso em terra firme. Ninguém ficou ferido. Ela prometeu seguir inaugurando estradas desde que nenhuma "hecatombe" aconteça. Disse, desconcertada, que o fato foi apenas mais um “pequeno acidente” de seu mandato.
Depois de três décadas de déficits orçamentários, o governo do estado finalmente conseguiu algum dinheiro para apostar na inauguração de obras, sobretudo no interior, como antídoto para a série de notícias negativas das últimas semanas.
Veja o vídeo abaixo: