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Saúde: OMS pede urgência para vacina contra o rotavírus

A Organização Mundial da Saúde recomendou na semana passada incluir os planos de imunização da vacina contra o rotavírus para melhorar a proteção contra a causa mais comum da diarréia mortal. O rotavírus é responsável no mundo pela morte de 500 mil cri

“É muito importante garantir que a vacina contra a causa mais comum da diarréia mortal chegue às crianças que mais precisam dela”, disse Thomas Cherian, coordenador do Programa Ampliado de Imunização, do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS.



A nova recomendação do Grupo de Especialistas em Assessoramento Estratégico (Sage) da OMS ampliou a aprovação que havia dado a duas vacinas contra o rotavírus em 2005 na América e Europa, onde os testes clínicos permitiram comprovar sua inocuidade e eficácia em populações com altos e médios índices de mortalidade. Como as vacinas orais têm uma eficácia variável nas diferentes populações, foram realizados novos testes clínicos na África e Ásia para provar a vacina em nações com alta mortalidade infantil. O resultado desse estudo levou à recomendação de uma imunização global.



A diarréia tem múltiplas causas, por isso Sage destacou a importância da imunização contra o rotavírus no contexto de uma estratégia geral de controle do mal, que também deve incluir a disponibilidade de água potável, higiene e saneamento, além de proporcionar soluções orais para a reidratação, complementos de zinco e melhoria na assistência geral dos pacientes. “Os novos resultados e a recomendação da OMS representam grandes avanços para a saúde de nossas crianças”, disse o médico Oyewole Tomori, vice-reitor da Universidade de Redeemer, na Nigéria, que trabalhou como coordenador regional de laboratório para o escritório africano da OMS. “Muitas criaças morrem devido ao rotavírus, que produz diarréia. Precisamos com urgência das vacinas contra esse organismo”, afirmou.



A incidência do rotavírus é quase a mesma em todo o mundo, independentemente da qualidade da água e das condições de higiene e da situação sócio-econômica. É transmitida por via fecal e oral e costuma ser encontrada em alimentos e água contaminada e nos brinquedos ou utensílios de uso infantil. O contagioso rotavírus provoca diarréia severa, vômito e febre, o que pode derivar em uma desidratação capaz e causar a morte se o paciente não for atendido a tempo. O agente patogênico vive no corpo entre três e oito dias. Os menores de 2 anos são os mais propensos a se infectar com o rotavírus. Nos países industrializados morrem cerca de 70 crianças por ano, enquanto nas nações em desenvolvimento são quase 1.400 por dia.



“Foram anos investigando sobre políticas de saúde pública na área de atenção materno-infantil. Houve grandes avanços nas últimas décadas, mas continuam morrendo crianças por afecções tratáveis como pneumonia e diarréia, causadas pelo rotavírus”’, disse Zulfiqar Bhutta, professor-chefe da divisão materno-infantil da Universidade Aga Jan. “As vacinas são um elemento importante para proteger os menores das diarréias severas e são muito necessárias nas nações em desenvolvimento da África e Ásia”, disse Bhutta.



A OMS, a organização não-governamental Path e o norte-americano Centro de Prevenção e Controle de Enfermidades uniram-se para criar o Programa de Vacinas contra o Rotavírus, em 2003, com apoio da Aliança Gavi, que inclui o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Fundação Bill e Melinda Gates e o Banco Mundial. O acordo apontou para a aceleração da disponibilidade de vacinas contra o rotavírus no mundo em desenvolvimento mediante testes clínicos, coleta de dados por meio de controles rotineiros, prever a demanda e difundir testes confiáveis para informar as autoridades a respeito de como se imunizar contra o organismo.



A Aliança Gavi acrescentou em 2006 a vacina contra o rotavírus em sua carteira de imunização, pela qual oferece assistência financeira às nações em desenvolvimento para reduzir o tradicional lapso de 15 a 20 anos entre o surgimento de uma nova vacina nos países mais ricos e a que está disponível nos mais pobres. “A Aliança Gavi aplaudiu a recomendação existente”, disse seu diretor-geral Julian Lob-Levyt. “É outro passo importante que nos ajuda a diminuir as mortes em menores de 5 anos nas comunidades mais pobres e conseguir progressos para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, acrescentou.