Messias Pontes – Tasso deve se despedir do Senado

Pelo andar da carruagem, o Ceará deve eleger dois senadores progressistas nas eleições gerais de 2010 que irão se juntar a Inácio Arruda (PCdoB) para apoiar o projeto político em curso no País. O deputado Eunício Oliveira, presidente estadual do PMDB, já

O governador já afirmou reiteradas vezes que somente no próximo ano falará sobre o segundo nome a ter o seu apoio para o Senado. Porém três nomes surgem na esteira e um deles poderá receber o apoio do Palácio Iracema: José Pimentel (PT), Chico Lopes (PCdoB) e Patrícia Gomes (PDT).



As principais lideranças petistas no Ceará já declararam que o PT terá candidato ao Senado, com ou sem o apoio de Cid Gomes. E o nome apontado é o deputado licenciado e ministro da Previdência José Pimentel, homem da confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas se não tiver o apoio incondicional do Governador e dos partidos aliados, dificilmente essa candidatura logrará êxito.



O PCdoB, por sua vez, já havia lançado o nome do deputado federal Chico Lopes, aliado do presidente Lula desde 1989 e o candidato de esquerda a deputado mais votado nas últimas eleições no Ceará.  O parlamentar comunista teve seu nome lançado no ano passado para disputar a Prefeitura de Fortaleza, porém, mesmo saindo com oito por cento na preferência do eleitorado fortalezense, ele concluiu que era melhor não dividir a esquerda e  acabou apoiando e se engajando na campanha da reeleição da petista Luizianne Lins. É importante lembrar que Luizianne ganhou a eleição no primeiro turno com uma diferença de apenas  0,16%.



Além de Chico Lopes está talhado para ocupar uma cadeira no Senado, os comunistas argumentam que o PT já está contemplado na chapa majoritária com o cargo de vice-governador, ora ocupado pelo professor Pinheiro que, bom lembrar, vem surpreendendo o próprio governador dada a sua competência, lealdade e discrição, e na Capital dirige a Prefeitura Municipal.



O nome da senadora pedetista surge, na opinião de políticos ligados aos Ferreira Gomes, como uma maneira de Cid contemplar seu irmão deputado Ciro Gomes, já que este tem preferência pelo amigo do peito senador Tasso Jereissati. Ciro tem uma fidelidade canina a Tasso e sempre repete que deve sua projeção política a ele, Tasso. Contudo o governador, mesmo tendo recebido o apoio do líder tucano nas últimas eleições, não assumiu com ele nenhum compromisso futuro. Como Cid não apoiará Tasso, o irmão se contentará com o apoio à reeleição da ex-esposa.



Além do mais não seria fácil Cid Gomes, fiel aliado do presidente Lula, apoiar um candidato que faz uma oposição raivosa no Senado e que foi um dos responsáveis pela extinção da CPMF que causou um prejuízo de um bilhão de reais anual a um Estado pobre como o nosso. Revoltado com a perda de R$ 4 bilhões durante o seu governo, ou R$ 8 bilhões em caso de reeleição, Cid chamou a todos os que votaram contra a CPMF de irresponsáveis e inconseqüentes.



Outras posições assumidas por Tasso Jereissati no Senado tem desagrado ao governador cearense e principalmente aos seus aliados. A posição de Tasso contra a Petrobrás, envidando todos os esforços, inclusive emprestando o seu jatinho para que o senador goiano Marconi Perillo retornasse a Brasília numa sexta-feira esvaziada para ler o requerimento da CPI contra a empresa orgulho nacional, consolidou a rejeição a ele junto aos aliados do presidente Lula e em especial junto aos setores nacionalistas, notadamente na Região Metropolitana de Fortaleza.



A indelicadeza do senador tucano com o Cid Gomes, dando a entender que Fortaleza foi escolhida para ser sub-sede da Copa do Mundo de 2014 graças a ele, desconhecendo o empenho do Governador, fez transbordar o pote de mágoas. Foi um golpe abaixo da cintura que o fez o Galego perder muitos pontos.



Ao ser indagado sobre a posição de Tasso, o Governador simplesmente ironizou, afirmando que “ele deve ter lido a coluna do Anselmo Góis”. O colunista de O Globo antecipou dois dias antes a relação das 12 cidades confirmadas pelos dirigentes da FIFA.



Cid tem se mantido distante de Tasso, tanto assim que não compareceu à festa de arromba dos 60 anos do tucano e muito menos à Fiec, semana passada, quando o senador foi homenageado pela Confederação Nacional da Indústria.



Até as pedras de Cococi sabem que o líder tucano cearense sempre se elegeu usando e abusando da máquina do Estado. Foi assim em 1986 quando exigiu , para ser o candidato a governador  então pelo PMDB, que Gonzaga Mota permanecesse até o final do governo e usasse a máquina para elegê-lo, pois ele não entraria numa disputa para perder.



As duas outras eleições do Galego para o governo do Estado, em 1994 e 1998, bem como a de 2002 para o Senado, também ele se beneficiou da máquina do Estado cearense. Como nunca tirou dinheiro do bolso para se eleger, não é agora que ele vai fazê-lo para tentar a reeleição.



Por tudo isso e muito mais, é aconselhável Tasso Jereissati ir se preparando para se despedir do Senado e das disputas eleitorais.



Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE