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Luis Nassif: Serra tratorando os aliados

O padrão geral de respostas dos assessores de comunicação do governo Serra ás matérias da mídia adquiriu um grau de agressividade inédito. Toda resposta tem sido de tal nível, a ponto de, dia desses, um jornal ter se recusado a publicar uma carta por c

Não se trata do estilo de um ou outro assessor, mas de ordem emanada do próprio Serra — que, segundo me contou outro dia um seu secretário, cisma que a grande imprensa é contra ele (imagine se fosse a favor). Segundo Serra, os sucessivos erros de Otavio Frias Filho — ditabranda, ficha falsa de Dilma — marcaram a Folha. Para tentar tirar a pecha de “serrista”, o jornal passou a veicular críticas contra o governador.


 


Em vez de compreender as limitações editoriais do aliado — que lhe deve muito —, Serra parte para o pau. Só aceita apoios incondicionais. Substituiu alianças baseadas em convicções no padrão “pau-mandado”.


 


Confira essa carta enviada ao “Painel do Leitor” por Roger Ferreira, da assessoria de imprensa da Secretaria de Educação de São Paulo. Os argumentos procedem; o estilo é de uma agressividade incompatível com a função.


 



Analfabetismo


 


Impressionante a má-fé em relação a São Paulo no texto “Analfabetismo zero é inviável, diz secretário” (Cotidiano, 14/6). É incrível que tenha sido estruturada sem considerar que São Paulo é o estado mais populoso, com 23% da população, e que a região metropolitana de São Paulo é muito mais populosa do que todas as outras.


 


A Folha reproduz, por exemplo, informação do Ministério da Educação de que São Paulo tem um décimo dos analfabetos do Brasil e que a região metropolitana de São Paulo tem o maior número da analfabetos das metrópoles brasileiras.


 


O próprio MEC já fez o presidente Lula cair numa esparrela ao citar números sem compará-los ao tamanho da população e ao não dizer que o índice de analfabetismo do estado é metade da média brasileira -está entre os quatro menores.


 


É óbvio ululante que, quanto menor o índice, mais lenta é a queda.


 


Mas a reportagem só registra essas obviedades como “interpretação” do secretário Paulo Renato Souza, como se fosse questão de “achismo”.


 


Diz ainda que, “nos últimos anos” (sem especificar quantos), o programa federal contribuiu para fazer recuar entre 0,2 e 0,4 ponto percentual o analfabetismo no país, proporção muito abaixo da observada em São Paulo, de 0,67 ponto percentual, ou 15% em quatro anos.


 


Se a Folha fizesse mesmo uma reportagem isenta sobre a questão nacional, teria dito que o ritmo da queda da taxa de analfabetismo no governo Lula tem sido de 0,35 ponto percentual ao ano. Entre 1992 e 2002 foi de 0,54.”


 


Roger Ferreira, assessoria de imprensa da Secretaria da Educação (São Paulo, SP)


 


Resposta da jornalista Marta Salomon – As ponderações estão registradas na reportagem.