Proposta do PT sobre candidatura em SP desagrada Ciro
Durou pouco o namoro entre o PT e Ciro Gomes sobre uma eventual candidatura do deputado do PSB do Ceará ao governo do Estado. PT e PSB, no entanto, dificilmente estarão em palanques distintos na próxima eleição presidencial. Os dois partidos também art
Publicado 17/06/2009 16:09
O namoro entre Ciro Gomes e o PT começou logo após o 1º de Maio, quando o deputado compareceu ao megaevento patrocinado, em São Paulo, pela Força Sindical. O deputado Paulinho da Força (PDT) consultou Ciro sobre a possibilidade de ele se candidatar ao governo estadual. Ciro, segundo os dirigentes do PSB, teria respondido “tem jogo” – dias depois Paulinho informou o ex-líder pessebista na Câmara Márcio França, que ficou entusiasmado pela ideia.
No PCdoB, a ideia ganhou o apoio do deputado Aldo Rebelo (SP). A eventual candidatura de Ciro ao governo do Estado de São Paulo retiraria o deputado cearense da disputa presidencial, um desejo do Palácio do Planalto, que nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem o PT formalizaram oficialmente ao PSB, mas está implícito em todas as conversas entre os dirigentes dos dois partidos. Em entrevistas, Ciro tem declarado que mantém a candidatura a presidente, nas eleições de outubro de 2010.
Consultado, o PT demonstrou interesse na ideia. Algumas pesquisas indicam que o deputado poderia partir de uma base de 18% dos votos de São Paulo, patamar alto quando confrontado com os índices dos candidatos novatos que o petismo analisa apresentar em lugar dos já desgastados Aloizio Mercadante e Marta Suplicy, por exemplo. Mas o interesse trazia embutida uma contraproposta que foi um verdadeiro banho de água fria nas pretensões do PSB-SP.
O PT aceitava que Ciro Gomes fosse candidato em São Paulo, desde que adotada a mesma fórmula que o PSB propõe para a eleição presidencial: os petistas teriam um candidato próprio e Ciro se lançaria pelo PSB, aumentando, assim, o número de candidatos a fim de levar a eleição paulista para o segundo turno, quando então todos se uniriam contra o candidato do governador José Serra (PSDB).
Ciro não gostou da ideia. Nem a cúpula do PSB. Por um motivo bastante objetivo: uma aliança só com o PCdoB e o PDT não lhe daria tempo suficiente no Horário Eleitoral Gratuito, no rádio e na televisão para se tornar competitivo.
Essa é a fórmula que o PSB apresentou para a eleição presidencial. O PT lançaria Dilma, enquanto os pessebistas apresentariam Ciro Gomes – aquele que passasse para o segundo turno seria apoiado pelo que ficou em terceiro lugar.
O PSB cultiva a hipótese de que Ciro pode ultrapassar Dilma nas pesquisas e na eleição. E que seus votos, quando ele não está na lista das pesquisas, migram para Serra. Já a estratégia de Lula é entrar com um candidato só (Dilma) e talvez resolver a eleição no primeiro turno. Ciro tem sido discreto, mas não tem gostado da maneira como é tratado no governo e no PT.
O PSB já namorou a hipótese também de atrair o governador Aécio Neves, numa época em que o Palácio do Planalto jogava mais lenha ainda na fogueira da divisão tucana. Hoje já descartou essa ideia, e muito embora tenha lançado Ciro Gomes como seu candidato a presidente da República, é certo que ficará com a decisão que Lula vier a tomar. O presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que detém absoluto controle do partido, tem dito que a posição do PSB será tomada “em comum acordo” com Lula.
Outros dirigentes dizem: “Temos compromisso com esse processo e com a sua manutenção”. Como Ciro não é candidato à reeleição e sua candidatura ao governo de São Paulo é considerada também, no PSB, eleitoralmente complicada (ele tem sido um crítico contumaz do Estado e das políticas paulistas), setores do PSB pensaram que seria mais viável o deputado concorrer no Rio de Janeiro. O problema é que no Rio o candidato a ser apoiado por Lula (e pela direção do PT) será o governador Sérgio Cabral, apesar das pretensões do prefeito petista de Nova Iguaçu, Lindberg Farias.
Fonte: Raymundo Costa do Valor Econômico