Grupo de alunos protesta contra a greve da USP
Cerca de 90 alunos contrários à greve que já dura 46 dias na Universidade de São Paulo fizeram um ato de protesto, na manhã desta sexta-feira (19), em frente ao Sindicato dos Funcionários da Universidade de São Paulo (Sintusp). O objetivo do grupo era
Publicado 19/06/2009 17:01
O tumulto ocorreu porque, no exato momento em que os alunos contrários a greve faziam a manifestação, era realizada uma assembleia dos servidores para avaliar o movimento e a proposta para a retomada das negociações.
Os dois grupos começaram um bate-boca, até que cerca de dez estudantes foram expulsos do local pelos grevistas. A atividade, no entanto, foi mantida pelos demais manifestantes, no gramado localizado nos fundos do prédio do Sintusp.
Segundo Aníbal Cavali, diretor do Sintusp, os alunos provocaram os grevistas. ''Nós tomamos a iniciativa de retirá-los do nosso espaço. Os funcionários são bem vindos, mas quem faz provocações, não'', disse ele. Apesar do desentendimento, a Polícia Militar afirmou que não houve feridos no local.
Murilo Lacerda, 19, estudante do terceiro ano de geofísica, afirma que o grupo não pretendia afrontar os funcionários. Segundo ele, os estudantes não sabiam da assembleia, marcada ontem.
Yuri Duarte, aluno do último ano de engenharia da Poli, afirma que a manifestação dos estudantes é pacífica. ''Não tínhamos intenção de confrontar ninguém. Queríamos fazer um piquenique no gramado em frente ao Sintusp para manifestar e mostrar que não são todos os alunos que concordam com a greve e com as reivindicações'', afirmou.
A assembleia de hoje deveria começar às 11h na faculdade de história. De acordo com Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, o local foi alterado depois que funcionários tiveram a informação que alunos invadiriam o sindicato.
O protesto contrário à greve foi organizado pela internet. O convite dizia: “Você está em greve? Nem eu. Então é greve da greve.”
Em cinco dias, 5 mil alunos votaram em uma pesquisa online criada por Anderson Valtriani Siqueira, de 24 anos, aluno do curso de Sistemas de Informação da USP Leste. Segundo a enquete, até a quarta-feira, 79,79% eram contra a greve. “Coloquei no ar e, em duas horas, 200 pessoas já tinham votado. Percebi que tinha de levar a sério.”
Parte dos estudantes anti-greve distribuiu, no ato desta sexta, um panfleto que dizia que 80% dos votantes da pesquisa eram contra a greve, de um total de 5.720 votos válidos.
Um dia antes, uma manifestação favorável à greve reuniu cerca de 5 mil pessoas, entre professores, alunos e funcionários.
A greve
As paralisações na universidade começaram com a reivindicação de aumento salarial dos funcionários no dia 5 de maio. Mas, após o confronto entre a Polícia Militar e manifestantes na Cidade Universitária (9/6), a greve ganhou a adesão dos professores e alunos e apresentou novas reivindicações. A principal delas, consenso entre os três setores, é a renuncia da reitora Suelly Vilela.
Os setores em greve pedem também a reintegração do funcionário demitido Claudionor Brandão, a saída da Polícia Militar (PM) do Campus e um reajuste salarial de 16% – reposição da inflação dos últimos 12 meses (estimada em 6,1%) mais 10% de reposição de perdas anteriores -, além de incorporação fixa de R$ 200. A não implementação de cursos à distância também é parte das reivindicações da greve na USP.
A reitora alega que o orçamento da universidade não suportaria semelhante aumento e afirma que, no momento, a PM está presente apenas no prédio da Reitoria.
Com agências
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