Construção do 12º Congresso do PCdoB é tema de encontro do Comitê Estadual cearense

Com o foco das atividades partidárias voltadas para a realização do 12º Congresso do Partido, que acontecerá no início de novembro deste ano, a direção do PCdoB/CE realizou neste final de semana uma reunião ampliada do Comitê Estadual a fim de realizar um

De acordo com o Comitê Central do Partido, a construção do 12º Congresso deve ser prioridade para os comunistas mas esta atividade deve conviver paralelamente com as demais iniciativas tais como dar continuidade ao projeto eleitoral para 2010, uma crescente ação/inserção nos movimentos sociais (congressos de UNE, CTB, UBES etc), a um maior esforço na formação (especialmente CBV em cada município) além de fortalecer o empenho na arrecadação de recursos visando a aquisição da sede do Partido no Ceará.


 


Destacando a importância do encontro que redefinirá os caminhos a serem percorridos pelos comunistas, o Comitê Central ratifica: “O Congresso, órgão máximo do PCdoB, é um acontecimento democrático destacado na vida política brasileira. Nos próximos meses, os comunistas debaterão o Projeto de Programa, a crise capitalista, a situação mundial e nacional, bem como o impulso para a construção de um partido comunista forte e renovado”.


 


No encontro deste final de semana, foram debatidos os materiais do Congresso aprovados na última reunião do Comitê Central. No sábado (20), a dinâmica do encontro foi o estudo prévio dos materiais, o detalhamento do programa e a apresentação da estrutura do documento através de intervenções preparadas. O presidente do Comitê Estadual do Partido, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas) falou sobre o Programa Socialista. As Resoluções Políticas (crise e conjunturas internacional e nacional) foi o tema da apresentação do Secretario Estadual de Comunicação Inácio Carvalho enquanto A Política de Quadros ficou a cargo do Secretário de Organização Abel Rodrigues.


 


Já no domingo (21), o dia ficou aberto para intervenções dos participantes e os debates giraram em torno do processo de mobilização para o 12º Congresso, convocação da Conferência Estadual e Normas Estabelecidas pelo Comitê Central além de Normas Complementares.


 


Novo Programa Socialista


 


Os debates da tarde de sábado foram iniciados pelo presidente do Comitê Estadual do Partido, Carlos Augusto Diógenes (Patinhas) que ressaltou que este era apenas o primeiro debate sobre os documentos. “É importante que a gente leve estas discussões para todo o Estado. O processo de construção do Congresso é um processo de debates, estudos e mobilização”, ressalta o dirigente.


 


Segundo Patinhas, o programa atual do Partido, que foi aprovado em 1995 e detalha a fase inicial do Socialismo, vale até novembro deste ano. “O novo programa vai aprofundar e atualizar o anterior levando em conta as experiências do Socialismo no século XX. Nele, a prioridade será o caminho a ser percorrido para a implantação da teoria socialista no Brasil, com as características próprias do nosso país”, afirma.


 


Para o dirigente, o novo programa vai mais além que o anterior quando propõe o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento (NPND). “O Brasil pode se tornar uma das nações mais fortes e influentes do mundo, soberano e integrado. A crise descortina uma oportunidade histórica para o país. E o caminho para esta evolução é o NPND”, aposta Patinhas.


 


O programa estuda o Socialismo no mundo porém não trata da construção da teoria mas do caminho a ser percorrido para sua implantação no país. Com o NPND, o PCdoB buscará apontar novas oportunidades e abrir novos caminhos para transformar o Brasil numa nação forte e influente no mundo. “Esta plataforma de luta, concreta e imediata, visa fortalecer o Brasil como nação soberana, democrática, próspera e socialmente avançada”, ratifica Patinhas.


 


O presidente do Comitê Estadual ressalta ainda que o programa proposto pelo PCdoB trás contradições e aponta rumos como as desigualdades regionais, degradações ambientais e a forma como o país continua sendo uma nação subjulgada. Além disso Patinhas alerta a importância das próximas eleições para a implementação da proposta do NPND. “É inegável que, ganhando as forças progressistas em 2010, será mais fácil executar nossas propostas enquanto a vitória da direita dificultaria. Porém, independente do resultado, iremos batalhar para a implantação das nossas ideias. A construção de um PCdoB mais forte passa por esses desafios”, avalia.


 


Crise e a conjuntura política no Brasil e no mundo


 


Apresentado por Inácio Carvalho, Secretário de Comunicação do PCdoB cearense, o cenário da crise no Brasil e no mundo foi outro tema do debate. Segundo ele, esta crise é a mais grave desde os anos 30. “O Capitalismo viveu outras crises mas nunca com tanta profundidade”. O secretário afirma que o surgimento desta crise nos Estados Unidos desfaz mitos de que o Capitalismo é definitivo. “Hoje a alternativa socialista ganha forças diante da crise do Capitalismo”.


 


Carvalho ressalta que a crise evoluiu do sistema financeiro para a indústria e o comércio em seguida atingindo os mais diversos setores da sociedade e quebrando do lado mais fraco: o trabalhador. “Nos Estados Unidos, cerca de 600 mil trabalhadores são demitidos por mês. Para se ter uma ideia, é como se a cada quatro meses, toda a população de Fortaleza ficasse sem emprego”, compara.


 


O secretário afirmou ainda que a crise inverteu a lógica do Capitalismo. “A intervenção do Estado para salvar o sistema financeiro foi outro mito que caiu com a crise. Nos Estados Unidos já foram injetados cerca de um trilhão e meio de dólares para salvar o sistema”.


 


A crise interfere diretamente na atual conjuntura política nacional e internacional. Com o declínio do imperialismo americano, aumentaram os conflitos e guerras, forma como os Estados Unidos tentam reagir através do plano militar. Com a queda do poderio estadunidense, novas forças mundiais emergem: China, Rússia, Brasil e Índia. Na América Latina, as eleições de governos progressistas denotam um cenário de resistência. “Esses governos mantém um sentido comum geral de democracia, integração regional e de soberania”, ressalta Carvalho.


 


No Brasil, as vitórias do presidente Lula proporcionaram uma força maior da base social e ampliou uma política de inclusão. “O PAC é exemplo claro disso”, ressalta. Segundo o comunista, as forças políticas progressistas do PCdoB deram grande colaboração para esta evolução social que o país vive. “Buscaremos dar continuidade a este ciclo de avanços do Governo Lula”, reitera.


 


Em 2010, com a disputa de 2/3 do Senado, Presidência da República, Assembleias Legislativas e Governos Estaduais, o confronto promete ser bem acirrado. “Nosso objetivo principal é aumentar nossa bancada federal e neutralizar as forças da direita em todo o país”, projeta Carvalho.


 


Novos Quadros: desafios e perspectivas


 


Outro tema a ser discutido durante o 12º Congresso do PCdoB será a política de quadros do Partido. Abel Rodrigues, Secretário de Organização do Comitê Estadual, foi o facilitador do assunto durante o encontro do final de semana em Fortaleza.


 


Rodrigues afirmou que a renovação do Partido deve ser tanto na concepção quanto na prática e que esta transformação pela qual o PCdoB está passando deverá trazer também a definição de seu novo foco, prioridades e forma de encarar os problemas. “Este é o tempo de uma nova luta pelo Socialismo, época de atualizar a teoria revolucionária, extrair lições das experiências passadas e abrir o caminho brasileiro para a chegada da teoria socialista”, avalia.


 


Segundo Rodrigues, O PCdoB é um Partido com teoria definida, aglutinador de massas, firme porém flexível. “Somos cerca de 210 mil filiados. No Ceará, aproximadamente 15 mil camaradas. Este crescimento do Partido mostra tanto os avanços como aponta novas perspectivas. E os nossos quadros são a chave para as novas conquistas que pretendemos alcançar”, diz.


 


As prioridades da política de quadros do PCdoB, afirma Rodrigues, são preparar as novas gerações de quadros dirigentes e formar quadros intermediários de base além de reforçar quadros atuantes na luta de ideias. “É preciso renovação, qualificação, especialização, filiados com representação no Partido e na vida pública e ainda capacitação teórica e ideológica para os militantes”, reforça.


 


Rodrigues ressalta ainda que há muitos desafios a serem enfrentados como o de estimular os compromissos dos filiados, aumentar o nível de formação, aliar o individual à vida partidária e coletiva. “São muitos os desafios para a política de quadros do PCdoB mas tudo isso é prova que o Partido passou a ser referência de coletividade e ideologia no país. Nosso quadro é o maior patrimônio que o PCdoB tem”, finaliza.


 


De Fortaleza,
Carolina Campos