Lula homenageia o casal Apolônio e Renée de Carvalho
Em comemoração ao Ano da França no Brasil, o presidente Lula esteve no Rio para participar da cerimônia, no dia 22, em homenagem a Apolônio e Renée de Carvalho, membros da resistência francesa na Segunda Guerra Mundial.
Publicado 24/06/2009 20:55 | Editado 04/03/2020 17:04
A cerimônia aconteceu no Teatro Maison de France e contou com a participação, entre outros, do cônsul-geral da França no Rio, Huges Goisbault, e dos filhos do casal, Raul e René-Louis, além de ministros e senadores.
Lula reconheceu a atuação do casal franco-brasileiro durante a resistência francesa ao regime nazista e lembrou que Apolônio foi o membro número 1 do Partido dos Trabalhadores (PT).
Após a apresentação do documentário “Vale a pena sonhar”, sobre a vida de Apolônio, o presidente leu um texto em homenagem ao militante, que morreu em 2005, aos 93 anos. Depois, em discurso de improviso, lembrou da convivência com Apolônio e entregou flores à viúva, Renée de Carvalho. Lula ressaltou a coragem do companheiro e sua capacidade de sonhar sempre por um mundo melhor:
“Estou aqui hoje em uma das mais importantes e simbólicas atividades do Ano da França no Brasil. Apolônio me ensinou que para sermos respeitados não precisamos falar alto ou gritar. Fazemos isso tratando os outros com respeito. Apolônio falava rindo sobre as coisas que nós, garotos jovens, falávamos gritando. Ele falava com felicidade o que falávamos com raiva, pois éramos muito radicais na época”, disse.
Herói nacional
Em seguida, Lula afirmou que Apolônio deveria receber tratamento de herói nacional: “O Brasil é um país sem heróis, as pessoas só lembram de Tiradentes. Apolônio também foi perseguido, também deve ser herói. Na esquerda brasileira tem pouca gente similar a Apolônio em sua paixão pelas causas. Renée, Apolônio foi um grande homem e você, sem dúvida, é uma grande mulher”, finalizou.
Sobre Apolônio
Apolônio foi preso em 1936 pelo governo de Getúlio Vargas, teve sua patente militar destituída e foi expulso do Exército. Com a saída da prisão em junho de 1937, ingressou no Partido Comunista. Depois embarcou para a Espanha onde, juntamente com outros 20 brasileiros, combateu nas Brigadas Internacionais ao lado das forças republicanas contra os fascistas liderados pelo general Francisco Franco.
Apolônio deixou a Espanha junto com as Brigadas Internacionais em fevereiro de
1939 e partiu para a França, onde permaneceu em campos de refugiados até maio de 1940, quando conseguiu fugir do campo de Gurs, dirigindo-se a Marselha. Foi nesta cidade portuária que ele ingressou na Resistência Francesa, em 1942, onde se tornou comandante da guerrilha dos partisans para a região sul, com sede em Lyon.
Também em 1942 conhece Renée, uma jovem militante comunista da Resistência, que se tornaria sua companheira para o resto da vida. Em janeiro de 1944, Apolônio e Renée se instalaram em Nîmes, onde em fevereiro se organizou o ataque à prisão daquela cidade, libertando 23 militantes da Resistência. Em maio, mudaram-se para Toulouse. Em agosto, Apolônio comandou a liberação de Carmaux, Albi e Toulouse. Em novembro, nasceu o primeiro filho do casal, René-Louis. Por sua coragem, ele é considerado um herói na França, onde foi condecorado com a Legião de Honra.