Validação de diplomas de Cuba volta a gerar polêmica
A proposta do governo de realizar um processo de validação de diplomas para estudantes formados na Escola Latino-Americana de Ciências Médicas (Elam), de Cuba, foi tema de debate em audiência pública realizada nesta terça-feira (23) pelas comissões de
Publicado 24/06/2009 14:15
A revalidação dos diplomas da Elam está prevista no ajuste ao acordo de cooperação cultural e educacional entre Brasil e Cuba, que tramita na Câmara. Esse ajuste foi assinado em 2006, mas ainda precisa ser votado pelo Plenário.
A diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad disse que o objetivo do projeto-piloto é testar a metodologia de avaliação. Segundo ela, a formação em Cuba mantém a unidade em todo o país e o grupo de estudantes brasileiros formados em território cubano é pequeno, “o que permite testar uma metodologia complicada antes de aplicá-la em larga escala”.
Para o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luiz D'Ávila, o pequeno número de médicos formados em Cuba – estima-se em 700 brasileiros que estudaram em Cuba contra aproximadamente cinco mil na Bolívia e 1,5 mil da Argentina – representa um “privilégio”. Em sua opinião, a medida seria “muito mais aceitável” se contemplasse egressos de todas as regiões.
Ana Estela destacou a intenção do governo, após o teste, é estender o processo a todos os estudantes formados em medicina no exterior.
“Coloração partidária”
O projeto-piloto está sendo elaborado pelos ministérios da Saúde e da Educação, com participação de 16 universidades públicas. A instituição encarregada de elaborar e aplicar os exames será o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, antigo Inep. Segundo Ana Estela, já houve duas visitas oficiais do Brasil a Cuba, com a participação de entidades representativas da classe médica.
O representante da Associação Brasileira de Educação Médica, José Guido Correa de Araújo, considera a metodologia de avaliação proposta pelo governo “muito adequada”, mas defende que o processo de validação de diplomas continue sob responsabilidade das universidades. Araújo concorda ainda que o exame seja estendido a estudantes formados em qualquer país.
O deputado Eleuses Paiva (DEM-SP), um dos autores para a realização da audiência, criticou a decisão do governo de criar “um grupo enorme” unicamente para beneficiar os estudantes da escola cubana. “O que fica claro é que se tenta discutir um assunto técnico, científico, com coloração partidária”, avaliou.
Com informações da Agência Câmara