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Parintins (AM) espera 70 mil turistas para disputa de bois

A cidade amazonense de Parintins, com 105 mil habitantes, espera receber cerca de 70 mil turistas no 44ª edição do Festival de Parintins – entre sexta-feira, 16, e domingo, 28 – que tem como atração a disputa sem quartel entre os bois Garantido e Capricho

O aeroporto local, que recebe em média 20 voos semanais, terá esse número ampliado para cerca de 200 voos no período da festa. Partindo de Manaus, os preços para ida e volta variam de R$ 200 a R$ 690.

“Esses quase 180 voos a mais na semana do festival são de companhias regulares. Além desses, tem também as aeronaves fretadas e os táxis aéreos e, por isso, o volume de voos aumenta pelo menos dez vezes neste período”, disse à Agência Brasil o administrador do aeroporto de Parintins, Jean Rodrigues.

Uma cidade ligara ao rio

No porto da cidade, onde as águas do Rio Amazonas continuam ocupando níveis maiores do que o comum, a movimentação de turistas também se intensifica na semana do festival. Dados do Serviço Geológico do Brasil apontam que a cheia de 2009 é a maior que Parintins já viu desde 1976. Ainda assim, segundo a Capitania dos Portos, aproximadamente 70 barcos, com média de 100 passageiros cada, já atracaram no porto.

Também no porto está ancorada a Delegacia Fluvial, um ferry boat, que reforça o policiamento da cidade durante a festa. A delegada do Turista, Graça Medeiros de Lima Pires, afirmou que não houve registro de crime até o momento. Mas a polícia está distribuindo um panfleto com orientações de segurança para turista, em inglês e espanhol.

Para o condutor de triciclo Zenildo Batista, o período é fundamental para arrecadar uma renda extra. “O que a gente arrecada no período do festival equivale ao nosso 13º salário”, considerou.

Há 15 anos Zenildo exerce essa profissão e diz que a movimentação intensa de pessoas na cidade proporciona um movimento exclusivo, nesta época do ano, para os comerciantes da cidade. Em Parintins, os triciclos são, ao lado dos mototáxis, as opções mais populares de transporte.

Localizada na Ilha de Tupinambarana, perto de onde o Rio Solimôes passa a se chamar Amazonas, a segunda maior cidade do estado depois de Manaus tem sua vida ligada ao rio. O outro traço marcante é a disputa entre os dois bois-bumbás que divide a cidade.

A abertura deste ano foi feita pelo boi Caprichoso, conforme sorteio realizado pelos organizadores. Já para o segundo e o terceiro dia, a abertura será feita pelo boi vermelho, Garantido.

As duas torcidas – chamadas ''galeras'' – são tão fiéis e intransigentes que evitam citar o nome do boi rival, referindo-se apenas ao ''contrário''. Quando o ''contrário'' se apresenta, permanecem em silêncio (vaias são proibidas), mas participam com entusiasmo quando o seu boi entra no Bumbódromo.

Boi-bumbás unificam o Brasil

O Festival acontece desde 1966. Mas a origem dos bois Caprichoso (cores azul e branco) e Garantido (vermelho e branco) perde-se em um passado bem mais longínquo. Acredita-se que esteja ligada à grande migração de nordestinos para a Amazônia, na época áurea da borracha, mais de um século atrás, trazendo consigo a tradição do boi-bumbá.

Com essa onda migratória, os ritos folclóricos ligados ao boi, com origem na Península Ibérica medieval, terminaram de cobrir o território brasileiro. Entre as variantes mais famosas, estão os bois-bumbás do Maranhão e Pernambuco, assim como o boi-de-mamão de Santa Catarina. Mas é em Parintins que o espetáculo tornou-se indústria cultural e evento turístico. Desde o ano passado a Rede Bandeirantes de TV transmite para o Brasil os três dias do evento.

Para assistir ao embate folclórico do Festival de Parintins no Bumbódromo, as opções são as arquibancadas – quase 20 mil lugares destinados aos não-pagantes; as arquibancadas especiais – que custam R$ 480; as cadeiras especiais, cujo valor é R$ 350. Os valores são por pessoa e vale para as três noites da apresentação. Os camarotes, para dez pessoas, custam R$ 8,4 mil.

Crianças de Parintins que não tinham como pagar os ingressos criaram há nove anos o Mini-Boi, que replica o espetáculo em miniatura, com bonecos de cerca de um palmo. O Mini-Boi inclui efeitos especiais, como uma garça que voa sustentada por balões com gás, e diz-se que já influenciou a competição oficial dos ''contrários'' que se defrontam no Bumbódromo.

Da redação, com agências