Isolamento econômico: mais pressão sobre Honduras
Todos os membros das principais organizações comerciais que Honduras faz parte – Sistema de Integração Centro-Americana (Sica) e Acordo de Livre Comércio entre a América Central e os EUA (Cafta) – condenaram o golpe e exigem o restabelecimento do gover
Publicado 02/07/2009 11:22
O Banco Interamericano de Desenvolvimento também suspendeu o repasse de US$ 200 milhões para os hondurenhos. Os três países limítrofes com Honduras – El Salvador, Guatemala e Nicarágua – fecharam as suas fronteiras por 48 horas.
Honduras, dos cinco países da América Central, incluindo também a Costa Rica, mas não o Panamá, é o principal exportador e importador de produtos regionais. Seu porto de Cortéz, na costa do Caribe, é fundamental para a Guatemala e El Salvador. No Pacífico, também possui boas conexões com o comércio internacional. Toda a circulação de produtos do Panamá, Costa Rica e Nicarágua precisa cruzar Honduras por terra para chegar a El Salvador, Guatemala e México.
Com uma indústria incipiente em San Pedro Sula, no norte do país, Honduras depende ainda da exportação de café e bananas, o que ainda a torna extremamente dependente dos EUA, assim como em grande parte do século 20, quando a economia hondurenha era controlada pela United Fruit Company e o país era uma das “repúblicas bananeiras”.
As remessas de hondurenhos que residem em cidades americanas também tem enorme importância, representando um quarto do PIB.
Durante a administração de Zelaya, graças ao aumento internacional no preço das commodities e ao petróleo barato vendido pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, Honduras conseguiu crescer 6,3% em 2006. Por enquanto, apesar da crise política, a moeda local e a inflação estão sob controle.
No campo político, ainda existe o ultimato de 72 horas da Organização dos Estados Americanos (OEA), a resolução da Assembleia-Geral da ONU pedindo o retorno de Zelaya e a retirada de embaixadores de Tegucigalpa, incluindo os de países latino-americanos e europeus. O Brasil decidiu não enviar o seu embaixador de volta para Honduras.
“Estamos sós” diante do mundo, admitiu o Comissário dos Direitos Humanos do Estado, Ramón Custódio. Em declarações à imprensa, funcionários, empresários e políticos assinalaram que os hondurenhos devem se preparar para o isolamento e pediram à comunidade internacional que envie delegados para analisar os fatos.
Em meio a represálias diplomáticas e econômicas pelo golpe de Estado, as poucas expressões de apoio a Honduras vêm de organizações empresariais centro-americanas, que rejeitaram o fechamento temporário das fronteiras imposto pela Nicarágua, El Salvador e Guatemala.
Os hondurenhos estão “sozinhos, como na guerra de 1969” contra El Salvador, afirmou Custódio. Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústrias de Choluteca, Mario Argeñal, “este é o início da verdadeira crise”.
Com agências