Itamar diz que PSDB não é 'pai' do Real
O ex-presidente da República Itamar Franco, que nesta semana filiou-se ao PPS, fez duras críticas nesta quarta-feira, 1, à campanha do PSDB por ocasião dos 15 anos do Plano Real, comemorados nesta quarta-feira, 1. Em entrevista ao jornalista Everson Pa
Publicado 02/07/2009 11:43
Presidente de 1992 a 1995, Itamar chamou para si a responsabilidade política pela implantação do Real, em 1994, e ressaltou o papel de outros políticos e economistas. ''O grande ministro do Plano Real chama-se (Rubens) Ricupero e, em seguida, Ciro (Gomes). E depois houve Paulo Haddad, Eliseu Resende. O plano não é só de um ministro. E é preciso lembrar que o Plano Real foi assinado pelo presidente da República, não por uma ordem técnica. A parte política foi garantida pelo presidente da República'', disse.
Na entrevista, Itamar lembrou que, pouco antes da implantação do plano, o então ministro da Fazenda Rubens Ricupero o procurou para dizer que a equipe econômica temia pelo Plano Real porque não conseguia chegar a um acordo sobre o câmbio. Também temia as consequências políticas, por conta das eleições presidenciais, que seriam realizadas naquele ano. ''Eu disse para ele resolver a parte técnica porque eu iria implantar o plano no dia 1º de julho. Ele disse 'tecnicamente eu resolvo', e eu respondi 'politicamente resolvo eu'''. Itamar afirmou que combaterá o PSDB se o partido defender a paternidade do Plano Real durante as eleições 2010.
Ao avaliar o legado do plano, o ex-presidente citou o controle da inflação, que na época oscilava em torno de 50% ao mês, o respeito aos contratos firmados e a manutenção do estado de direito. ''Ninguém acreditava que nosso governo durasse 48 horas. Felizmente, nosso projeto político venceu e fizemos um sucessor. Esse legado é fundamental quando vemos, hoje, crises institucionais aparecendo no País, particularmente no Senado'', ponderou.
Itamar também criticou o fato de os sucessivos governos após o seu não terem conseguido realizar a reforma tributária, que já era prevista pelo plano. Ele defende que, na época, essa não era a prioridade. ''É incrível que desde 1995 nenhum governo tenha tido coragem de fazer a reforma.''
Sobre a crise atual, o ex-presidente considerou que o governo demorou a acreditar que o País seria afetado pelas turbulências internacionais e agora enfrenta problemas sérios, como o aumento da taxa de desemprego. Falando sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Itamar se mostrou irritado com declarações de Lula sobre os feitos de seu governo. ''Quando o presidente diz 'nunca antes' parece que nunca ninguém governou este país. Não é meu caso. Citaria outros presidentes que fizeram tanto, como o Juscelino Kubitschek. A gente chega à conclusão que daqui a pouco ele (Lula) vai dizer que foi ele quem abriu os portos e não Dom João VI'', ironizou.
Filiação ao PPS
Ausente da vida partidária desde 2006, quando desfiliou-se do PMDB, Itamar filiou-se nesta semana ao PPS.
Para o PPS, que vinha tentando filiar o ex-presidente desde o ano passado, a entrada de Itamar ajudará o partido a crescer – atualmente, o PPS tem 13 deputados federais e 132 prefeitos. Governadores que estavam no partido, como Blairo Maggi (MT) e Ivo Cassol (RO), se desvincularam.
Segundo o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, Itamar vai integrar a executiva nacional do PPS e será um dos dirigentes da legenda em Minas.
Ainda não está definido qual será o cargo ao qual ele concorrerá nas eleições de 2010, mas, segundo Freire, uma coisa está certa: ele não será candidato a deputado federal. Sua aspiração são cargos majoritários: governador ou senador. Freire disse, no entanto, que ele tem potencial para disputar a Presidência da República.
Apesar do otimismo de Freire, circulava ontem uma piada que revela a pouca expectativa do mundo político com esta filiação: diziam que Itamar errou de partido ao entrar no PPS. Para ser mais coerente com sua atual participação na política, deveria ter ingressado no PAN (Partido dos Aposentados da Nação).
Da redação,
com informações do jornal O Estado de S. Paulo