Golpistas rejeitam ultimato da OEA e deixarão o organismo
A Suprema Corte de Honduras rejeitou, nesta sexta-feira (04), o ultimato dado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) para que o presidente deposto no último domingo, Manuel Zelaya, fosse reconduzido ao poder. A negativa pôs fim à tentativa do órgão
Publicado 04/07/2009 12:24
''Lamento dizer que, nas minhas gestões, não se viu disposição para reverter essa situação (de golpe)'', afirmou Insulza, ontem, pouco antes de deixar o país. ''Ao contrário, recebi vários documentos afirmando que haveria acusações contra o presidente e que justificariam a medida''.
Insulza ouviu da Corte Suprema de Justiça que Zelaya será preso e processado caso volte ao país. Para ele, o resultado claro das conversas é que a ruptura da ordem constitucional persiste.
O secretário-geral da OEA também se reuniu com movimentos sociais e os dois principais candidatos à Presidência para as eleições de 29 de novembro. Um deles é o ex-vice-presidente de Zelaya, Elvin Santos, que rompeu politicamente com o seu companheiro de chapa e ganhou as primárias do Partido Liberal (centro-direita).
O saldo da missão de Insulza deixa preocupações acerca de um retorno de Zelaya, que tem prometido regressar neste sábado (04) ao país, acompanhado dos presidentes Cristina Kirchner (Argentina) e Rafael Correa (Equador).
OEA
Com a irredutibilidade das autoridades hondurenhas, a OEA se prepara para cumprir, em reunião hoje em Washington, o ultimato dado a Honduras, que previa a suspensão do país do organismo caso Zelaya não voltasse ao poder hoje. Numa tentativa de driblar a sanção, as novas autoridades de Honduras se anteciparam e disseram que não mais reconhecerão a carta de direitos da Organização.
Os golpistas acusam o corpo diplomático de tentar impor ''resoluções não dignas e unilaterais'' ao novo governo, que assumiu o poder há uma semana, após um golpe com apoio do exército e a expulsão do país do então presidente, Zelaya.
O presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, disse que ''a OEA é uma organização política, não uma corte, e não pode nos julgar''. A declaração foi feita ontem à noite e lida por Insulza durante entrevista para um canal de televisão de Honduras.
De acordo com Insulza, contudo, a renúncia de Honduras à OEA ''não tem efeito jurídico'', uma vez que se trata de uma posição adotada por um governo não reconhecido pela comunidade internacional. ''É uma tentativa de resposta e também uma ameaça'', disse, reforçando que o aconteceu no país foi um golpe de Estado e anjunciando que a OEA não rechecerá nenhum governo, ainda que eleito, nessas circunstâncias.
A recusa de Honduras em reempossar Zelaya coloca o país, um dos mais pobres da América Central, em uma rota de colisão com a comunidade internacional. A decisão pode lhe custar o isolamento. Vários países têm prometido evitar Micheletti. Países vizinhos já impuseram bloqueio comercial a Honduras, as Nações Unidas suspenderam operações militares conjuntas e embaixadores da União Europeia saíram da capital. O Banco Mundial cortou uma linha de financiamento de US$ 200 milhões ao país e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) congelou uma linha de US$ 450 milhões.
No encontro que teve com Insulza, o presidente da Suprema Corte de Honduras, Jorge Rivera, respondeu que a saída do poder de Zelaya é irreversível. A ministra-assistente das Relações Exteriores,Martha Lorena Alvarado, em comunicado, afirmou: ''Se Honduras está fora da OEA, bem, estaremos isolados…pouco a pouco reconquistaremos a confiança de outras nações, porque somos um povo corajoso que disse basta a Chávez. Não iremos recuar''.
Com agências