Honduras: comissão vai aos EUA 'dialogar' com OEA
Representantes do novo Governo de Honduras viajaram, nesta segunda-feira (06), a Washington, para iniciar um diálogo com os países da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a crise política, intalada no país centro-americano após a deposição do
Publicado 06/07/2009 16:11
Fontes oficiais confirmaram a viagem da comissão do governo interino, mas não precisaram quem faz parte do grupo, nem detalharam as atividades na capital americana. Segundo a imprensa local, entre os membros da comissão, estão os ex-chanceleres hondurenhos Guillermo Pérez-Cadalso e Leónidas Rosa Bautista, e o candidato presidencial da Democracia Cristã para as eleições de novembro, Felicito Ávila.
A comissão viajou em um avião particular do aeroporto de Tegucigalpa, embora o governo tenha anunciado o fechamento do aeroporto por 48 horas. A medida foi tomada um dia após o presidente Manuel Zelaya tentar regressar ao país, tendo sido impedido de pousar pelos golpistas, que interditaram a pista de pouso.
O episódio terminou em conflito entre os simpatizantes de Zelaya – que faziam manifestação pela sua volta – e os militares. O confronto culminou com pelo menos duas mortes e várias pessoas feridas.
O embaixador de Honduras nos Estados Unidos, Roberto Flores Bermúdez, confirmou hoje, de Washington, à rádio ''HRN'' de Tegucigalpa, que a OEA deu ''uma resposta positiva'' à proposta de diálogo feita no domingo pelo presidente da Corte Suprema de Justiça de Honduras, Jorge Rivera. Fores Bermúdez disse que ele se juntará à comissão, mas não precisou quem são os outros integrantes, e ressaltou que as vias do diálogo ''estão abertas''.
O diálogo seria entre representantes dos ''poderes do Estado de Honduras e uma delegação de representantes de Estados-membros da OEA, junto com funcionários de menor categoria da Secretaria-Geral'' desse organismo, segundo a proposta enviada no domingo pelo presidente do Supremo hondurenho ao representante da OEA em Tegucigalpa, Jorge Miranda.
A carta indicou que, ''após as conversas alcançarem o nível apropriado, a Secretaria-Geral elevaria a categoria de sua representação''. Além disso, ''enquanto o diálogo de boa fé estiver em curso, não haverá atos ou situações que possam colocar em perigo a paz social da República e comprometer o esforço nas conversas'', afirmou a nota.
O Governo do presidente Roberto Micheletti, que substituiu Zelaya após a deposição, propôs o diálogo horas depois de a OEA suspender Honduras por se negar a reinstalar o líder deposto no poder. Micheletti não é reconhecido pela comunidade internacional, enquanto a OEA, segundo a resolução do domingo, continuará as gestões diplomáticas para resolver a crise em Honduras.
Mais protestos
Em Tegucigalpa, o movimento popular hondurenho concentrava-se a 200 metros da casa presidencial. De acordo com a Agência Bolivariana de Notícia, a população está arrecadando dinheiro para o sepultamento de quatro pessoas – e não duas – que teriam sido assassinadas ontem na manifestação pró-Zelaya.
A concentração na casa presidencial é o resultado de uma marcha que começou na Universidade Nacional Pedagógica Francisco Morazán. ''Nós queremos que os golpistas deixem o poder, que sejam expulsos de maneira imediata, para que se encerre essa repressão brutal'', disse Juan Barahona, integrannte da Via Campesina. De acordo com ele, apesar das mortes, a população não irá se intimidar e continaurá com as mobilizações.
ONU
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu nesta segunda-feira a restauração, com assistência da OEA, da ''ordem constitucional'' em Honduras. ''A OEA deve assumir um papel de líder para encontrar uma solução pacífica graças à qual se possa restaurar a ordem constituicional'', afirmou Ban, acrescentando lamentar muito a perda de vidas humanas na repressão aos partidários do presidente derrubado.
Zelaya não concretizou o objetivo de retornar a Tegucigalpa no domingo, mas a imagem das novas autoridades hondurenhas ficou ainda mais arranhada aos olhos da comunidade internacional com a morte de dois manifestantes em um protesto.
Em um cenário digno de um filme de ação, o Exército hondurenho, que ignorou as ordens de Zelaya, bloqueou a pista do aeroporto de Toncontin com caminhões para impedir o pouso do avião Falcon, registrado na Venezuela, no qual o presidente viajava, uma semana depois de ter sido deposto e expulso por um golpe de Estado.
Hillary com Zeaya
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, deve ter um encontro com o presidente deposto, Manuel Zelaya, em Washington, na terça-feira, contou uma fonte oficial do governo, que preferiu não se identificar.
Tal encontro seria um importante gesto de apoio a Zelaya. O porta-voz da Secretaria de Estado, Ian Kelly, reiterou que os EUA pedem o retorno de Zelaya ao poder.
''Nossa meta segue sendo a restauração (…) da ordem democrática em Honduras, e renovamos nosso pedido a atores políticos e socias de Honduras que encontrem uma solução pacífica para a crise'', disse.
Perguntado sobre o que significa a restauração da ordem democrática, Kelly respondeu: ''Quer dizer o retorno do presidente eleito democraticamente a Tegucigalpa (capital de Honduras), a volta de Mel (Manuel) Zelaya''.
Por meio do porta-voz, os Estados Unidos criticaram o uso da força contra os manifestantes pró-governo deposto em Honduras. Os americanos pediram ao governo interino e aos outros envolvidos na crise pós-golpe militar que tenham ''contenção''.
''Deploramos o uso da força contra manifestantes em Tegucigalpa nos últimos dias'', disse Kelly.
Com agências