Pivô do escândalo Yeda entregou 20 irregularidades ao MPF
O jornal portoalegrense Zero Hora teve acesso a documentos que, segundo afirma nesta segunda-feira (6), acabam com uma dúvida pendente desde fevereiro, quando surgiram as primeiras denúncias contra a governadora gaúcha Yeda Crusius (PSDB). Lair F
Publicado 06/07/2009 17:17
“No ofício OF/Secrim/PRRS/Nº 2669, datado de 16 de abril, o procurador Alexandre Schneider encaminha ao então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, um texto escrito por Lair detalhando 20 supostas irregularidades que teriam sido cometidas na campanha de 2006 e no início do governo de Yeda”, diz o jornal. Zero Hora afirma que teve acesso a 12 páginas das 13 páginas escritas em computador por Lair, rubricadas e numeradas pelo protocolo da Procuradoria-Geral da República.
Lair conta desde sua aproximação da campanha até suposta oferta de propina à governadora feita pelo grupo responsável pela fraude no Detran. No relato, afirma que a casa de Yeda foi comprada por R$ 1 milhão, e não por R$ 750 mil, como está no contrato, e que a diferença foi paga com caixa 2.
São levantadas suspeitas sobre mais de 30 pessoas ou empresas. Lair descreve um cenário de farto caixa 2. Um dos 20 fatos afirma que a SP Alimentação, fornecedora de merenda escolar para a prefeitura de Canoas, doou R$ 500 mil que foram utilizados no início da organização da campanha. Os valores teriam chegado ao comitê por meio de Chico Fraga, então secretário de Governo de Canoas. A SP é suspeita de envolvimento na fraude no município.
O dinheiro não contabilizado normalmente era recebido por Marcelo Cavalcante, ex-assessor morto em fevereiro, e por Walna Meneses, assessora de Yeda e, segundo o depoimento, “controladora do caixa 2”. Lair faz ataques ao ex-marido de Yeda. Conta que Crusius era avisado da chegada de doações. Muitas vezes, à noite, diz o relato, Crusius buscava dinheiro no comitê e levava para o apartamento da candidata. Os recursos nunca mais retornavam.
Viúva de Cavalcante confirma
A empresária Magda Koenigkan, viúva do ex-representante do Piratini em Brasília
Marcelo Cavalcante confirmou que parte das denúncias que seriam feitas por Lair Ferst ao Ministério Público Federal também fazia parte do depoimento que Cavalcante daria ao MPF. O depoimento, contudo, não ocorreu. Cavalcante foi encontrado morto nas águas do Lago Paranoá em fevereiro. Magda garante que entregou todo o material sobre o caso ao MPF.
Ela ainda confirmou que Cavalcante recebia dinheiro para a campanha
da governadora Yeda Crusius sem recibos. Quando havia entrega de recibos,
conta a empresária, a operação não era contabilizada. Magda deve desembarcar
em Porto Alegre no próximo dia 14, para falar sobre o assunto na Assembléia Legislativa. Até lá, pretende se afastar de Brasília. Magda pretende ficar hospedada na casa de parentes, no interior de Minas Gerais.
Yeda: “Não há nada de novo”
O Palácio Piratini respondeu ao jornal com um texto em onde apresenta as “supostas denúncias” como notícias requentadas. “Não há nada de novo na divulgação do referido jornal. Todas as supostas denúncias são fatos já mencionados no passado, sem qualquer comprovação, com o claro objetivo de criar dúvida e estabelecer desconfiança na relação do governo com a sociedade”, diz a nota.
Da redação, com Zero Hora