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PR inicia processo congressual focando valorização militante

“Através do caminho clássico, abrimos hoje o processo congressual no Paraná, assim como estamos percorrendo este caminho para a construção e consolidação do Partido no estado”, afirmou Milton Alves presidente do PCdoB-PR, no ato de recepção, dia 3, a c

Ao mesmo tempo, o presidente estadual reafirmou a importância do processo de construção “em mais de uma centena e meia de municípios paranaenses, onde também estão sendo feitas filiações em setores os mais diversos, inclusive tendo em vista as eleições”.


 


O ato teve como conferencista principal o dirigente nacional do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais, e foi presidido por uma mesa que contava com a presença de José Agnaldo, presidente da CTB no Paraná, Joel Benin, secretário de Organização do Comitê Estadual, Ricardo Gomyde, presidente do Comitê Municipal de Curitiba, Zenir Teixeira de Almeida, responsável sindical do Comitê Estadual, Tiago de Andrade, secretário político do Distrital Sul, Nelson Bonardi, dirigente da CTB, João Carlos Ribeiro, Secretário d Organização do Comitê Distrital Sul-CIC, Gilson Rodrigues da Silva, secretário de propaganda do distrital sul e José Ferreira Lopes, responsável pelo enlace deste comitê com as estruturas municipal e estadual e Elza Campos, do Comitê Estadual e da UBM.


 



No próximo sábado, dia 11 de julho, ocorrerá o lançamento estadual do 12º. Congresso do PCdoB no Paraná, nas dependências do Braz Hotel, na tradicional Boca Maldita, centro da capital.


 


Elementos essenciais do Partido


 


José Reinaldo Carvalho fez a saudação de boas-vindas aos novos filiados em nome do Comitê Central e apresentou uma conferência sobre os projetos de resolução política em pauta no 12º Congresso.


 


 


O dirigente começou falando de aspectos que considera partes constitutivas essenciais do PCdoB: “a identidade comunista como representante dos interesses dos trabalhadores e do povo, a luta estratégica pelo socialismo no Brasil, a política revolucionária e de classe, através da qual os trabalhadores ingressam e participam de forma independente na vida política, a ideologia de classe baseada no marxismo-leninismo e no socialismo científico, sem que isso signifique aplicar dogmaticamente modelos teóricos nem experiências práticas de outros países e épocas históricas, a solidariedade internacionalista, a organização centralizada e ao mesmo tempo formada por milhares de bases implantadas nos centros nevrálgicos da luta de classes, a ligação com o povo e a luta em todos os domínios – econômico-reivindicativo, político, eleitoral, institucional e ideológico-cultural”.


 


Valorizar a militância consciente e organizada


 


Referindo-se a um dos projetos de resolução política do 12º Congresso, o documento que trata da política de quadros, José Reinaldo disse que o ponto de partida é “a valorização da mais poderosa arma de combate do Partido: a militância consciente, combativa, politizada e organizada”.


 


O dirigente afirmou ainda que “quadros não são apenas os dirigentes de organismos superiores, os profissionalizados ou as pessoas ilustradas e célebres, muitas das quais apenas agora aderiram às fileiras partidárias ocupando postos importantes nas nossas chapas eleitorais e na Administração Pública”. Quadros são antes e acima de tudo, afirmou, “os militantes do Partido capazes de assumir responsabilidades, dirigir frentes e setores nos mais diversos níveis. Um secretário político da base é um quadro, como o são também os seus pares que dirigem, nesse mesmo nível, as frentes da agitação e propaganda, da formação, da organização, dos movimentos sindicais e populares, da juventude e das mulheres etc.”.


 


José Reinaldo assegurou aos novos militantes operários que a direção do Partido estará cotidianamente a seu lado, realizando o que o camarada Amazonas chamava de direção concreta e não burocrática. Ele informou aos novos militantes que o Partido está vivendo “um importante processo de expansão das suas fileiras”, destacando que o crescimento numérico do PCdoB “é um ponto de partida fundamental para a consolidação e o fortalecimento da organização e para aumentar a influência política e a capacidade de combate do Partido, lembrando que “a política de quadros está diretamente ligada à concepção sobre a expansão e a construção do Partido, que não confunde o aumento do número de filiados com a mera abertura das listas eleitorais a personalidades não comunistas”. “Por isso mesmo”, disse, “a política de quadros deve voltar-se com prioridade para preparar e organizar o Partido para o combate político e social, pois é de conflitos e não de ação política e social moderada o cenário que temos diante de nós”.


 


Renovação do Partido mantendo os princípios


 


O dirigente partidário contextualizou na história recente de 1992 aos dias de hoje os esforços para a renovação partidária que culminarão no 12º Congresso.   “Não data de hoje o debate e o equacionamento das novas questões que a época atual propõe ao Partido em termos de política de organização. Cito três marcos históricos: a conquista da legalidade em 1985 que nos exigiu o esforço de expansão das fileiras; o Congresso de 1992 em que fomos postos à prova pelo tsunami revisionista e liquidacionista anti-Partido que fez estragos aqui e em todo o mundo e o Congresso de 1997. Neste último, o camarada Amazonas ensinava-nos pacientemente – quando os que éramos da nova geração de dirigentes reivindicávamos o adjetivo renovado para o Partido e o Socialismo – que para renovar era indispensável ater-se aos princípios. Foi então que cunhamos a expressão “Partido renovado e de princípios” que deu origem a um imenso esforço construtivo político-ideológico que não temos por que abandonar”.


 


Para José Reinaldo, “a justa opinião de que não há modelo de Partido desvinculado dos desafios da época e de que a organização se subordina à política não pode ser confundida com a visão de um Partido apenas para a tática, visão bernsteiniana, sempre rediviva, de que o movimento é tudo, o objetivo final nada. As flexões táticas, as políticas de alianças, as ações conjunturais estão ligadas à estratégia, à luta pelo socialismo no Brasil, que somente será vitoriosa com a luta árdua contra as classes dominantes entreguistas e retrógradas, com o acrescido papel dos trabalhadores e seus aliados, o que pressupõe a existência de um partido comunista revolucionário, de classe e de combate”.


 


Crise do capitalismo e declínio dos EUA


 


Depois da conferência sobre o Partido, José Reinaldo expôs o lineamento geral da política em debate no Congresso. Disse que a crise do capitalismo é “extensa, profunda, grave e duradoura”, polemizando com teses que atribuíam ao capitalismo a capacidade de regenerar-se da sua crise estrutural, negando a própria existência de tal crise, e abrir uma nova “era de ouro”, de desenvolvimento e progresso social. Defendeu as posições partidárias também contestadas durante muito tempo sobre o caráter econômico, sistêmico e multissetorial da crise, em contraposição à “abordagem vulgar” de que a crise é somente da esfera financeira.


 


Chamou a atenção ainda para o declínio histórico progressivo da hegemonia econômica estadunidense, o parasitismo, o desenvolvimento desigual e a deterioração do padrão dólar, “teses confirmadas pela vida, mas que foram também submetidas ao fogo cruzado de abordagens vulgares”. O dirigente do PCdoB ressaltou que tais questões não devem ser encaradas apenas do ponto de vista acadêmico. “O debate sobre a crise é essencial para denunciarmos o capitalismo e despertarmos a consciência dos trabalhadores, que são as principais vítimas da exploração capitalista e das crises do sistema e ao mesmo tempo a força social motriz da luta anticapitalista e antiimperialista”.


 


O secretário de Relações Internacionais do PCdoB discorreu sobre a situação instável e carregada de conflitos por que passa o mundo, evidenciou as contradições sociais e nacionais da vida contemporânea que formam o pano de fundo das lutas dos trabalhadores e dos povos em todo o mundo. Analisou em particular o novo momento político progressista da América Latina, que é a região onde “de maneira mais promissora se desenvolvem as lutas antiimperialistas na atualidade”.


 


Programa para o socialismo


 


Apresentando a proposta de novo Programa, o dirigente partidário disse que a proposta tem “o grande mérito de representar um avanço nas formulações programáticas do Partido sem abrir mão da consciência partidária acumulada”. O essencial, em sua opinião, é a reafirmação da perspectiva socialista da Revolução Brasileira, que tem como eixo a luta contra o imperialismo e as classes dominantes a este associadas.


 


A proposta programática do 12º Congresso analisa os avanços e as contradições da sociedade brasileira. Destaca as conquistas civilizacionais do nosso povo alcançadas por um caminho “árduo e tortuoso” – a formação do povo e da nação num imenso território continental, a Independência, a Abolição, a República, a Revolução de 1930, a industrialização do país, as leis trabalhistas, os avanços democráticos, o governo Lula. Assinala que “somos ainda um país capitalista dependente e padecemos de terríveis contradições sociais e contrastes regionais. O novo Programa estrutura, assim, em decorrência desta análise, uma plataforma de reformas estruturais denominada de Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, em que se destacam propostas patrióticas, democráticas e sociais. O novo Programa reafirma o papel dos trabalhadores, da luta de massas e das alianças políticas no caminho da luta pelo socialismo no país.


 


José Reinaldo Carvalho concluiu exortando os comunistas paranaenses a realizar um grande esforço de mobilização para coroar com êxito o 12º Congresso do Partido Comunista do Brasil.


 


Na sequência à apresentação do dirigente, a palavra foi aberta ao debate. Zenir Teixeira de Almeida observou que depois da realização “com pleno êxito” do 10º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários em novembro do ano passado, sob os auspícios do PCdoB, “o mundo observa com interesse a realização do 12º Congresso do Partido” Depois, o sindicalista falou sobre a necessidade de construir m Partido “forte e organizado na classe trabalhadora, força motriz da luta por transformações”.


 


Elza Campos destacou que o ingresso de operários dá “nova vida ao Partido”. Analisando o momento da vida partidária, disse que “é um grande desafio o debate das teses do 12º Congresso”. Falou ainda sobre “as grandes perspectivas que se abrem com a nova situação na América Latina” e, como representante da UBM fez um apelo para a incorporação de mais mulheres ao Partido.


 


Aguinaldo, presidente da CTB estadual denunciou o patronato que na crise promove reestruturações e demite trabalhadores, enquanto Laura e Jorginho propuseram que o novo Programa partidário aborde em mais detalhes a luta em defesa do meio ambiente, em defesa da vida.


 


Da redação