Fórum em Salvador debate valorização da arte negra

Fomentar o desenvolvimento da arte baseada nas matrizes afro-brasileiras, ampliar os debates regionais no campo da cultura, trocar experiências e mapear o que existe de dança e teatro negro no país. Estes são os principais objetivos do III Fórum Nacional

Com a participação de cerca de 200 pessoas, entre representantes de grupos e companhias negras, pesquisadores e artistas de todas as regiões do Brasil, o Fórum se configura como um espaço de articulação e troca de experiências sobre produção e captação de recursos. Dançarinos, atores, figurinistas, coreógrafos e outros artistas que conduzem a dança e o teatro negro vão refletir também sobre os modos de criação, produção, finalização e veiculação das dinâmicas que predominam a prática artístico-cultural negra.


 


Nesta terceira edição o evento homenageará as atrizes Léa Garcia e Ruth de Souza, o ator Zózimo Bubul e o poeta Solano Trindade (1908-1974), que será representado pela filha Raquel Trindade. O III Fórum Nacional de Performance Negra é uma realização conjunta da Cia. dos Comuns (RJ) e do Bando de Teatro Olodum (BA). O Governo do Estado da Bahia está apoiando o evento, através das secretarias de Promoção da Igualdade (Sepromi) e de Cultura (Secult).


 


A solenidade de abertura das atividades, na segunda-feira (6/7), contou com a participação do ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade (Seppir), Edson Santos, do presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Sérgio Mamberte, e da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro, do secretário Nacional da Diversidade e Identidade (SID), Américo José Córdula, além dos secretários estaduais da Cultura, Márcio Meirelles, e de Promoção da Igualdade, Luíza Bairros.


 


Para o ministro Edson Santos, a cultura tem um papel essencial na luta por um Brasil mais igual, motivo pelo qual as relações do Estado brasileiro com o segmento devem ser valorizadas. “Estamos cuidando hoje, de questões que, teoricamente, precisavam ter sido cuidadas desde 13 de maio de 1988. É preciso garantir este diálogo com as artes e a cultura na construção de políticas públicas para as populações negras, sobretudo com o viés da inclusão social”, ressaltou.


 


Programação diversificada


 


O evento já se firmou como um referencial do teatro e danças negras do Brasil, com intenção de promover a criação de políticas públicas específicas para esse segmento. Este ano, foram programadas palestras com Sueli Carneiro (Brasil), Julio Moracen (Cuba), Paulo Lis (Brasil), Julio Moracen  (Cuba), Tony Hall (Trinidad e Tobago) e Cleyde Morgan (EUA). Destaque ainda para a mesa redonda sobre instrumentos de financiamento e fomento, com a presença dos representantes do Ministério da Cultura Célio Torino e Roberto Gomes do Nascimento.


 


As oficinas de teatro serão ministradas por nomes como o dramaturgo e ator Ângelo Flávio e o diretor teatral e jornalista Luiz Marfuz. A oficina de música terá o cantor e compositor Jarbas Bittencourt, além do músico, ator e diretor artístico Gil Amâncio. As oficinas de dança ficarão com o bailarino e coreógrafo Zebrinha, com o professor e bailarino Clyde Margon; sobre figurino com Biza Viana; iluminação, com Jorginho de Carvalho (precussor da iluminação teatral no país); sonorização, Filipe Pires; e programação visual, com o artista plástico Gá. Também foram programadas atividades em Grupos de Trabalho que contribuirão para o intercâmbio dos representantes regionais.


 


Além das oficinas, estão previstas três apresentações, que começaram na segunda-feira, com Receita, um solo com o bailarino Rui Moreira da Companhia Será Quê?, de Minas Gerais. Com coreografia de Henrique Rodovalho, o espetáculo é um encontro entre a subjetividade do olhar e do movimento. Na terça-feira, foi a fez da peça Shirê Oba, com direção de Fernanda Júlia. Encenada pelo Grupo de Teatro Nata, da Bahia, a peça recorre a um discurso poético, para festejar a magia e os encantos da tradição afro-baiana, presentes no culto aos Orixás.


 


Fechando o evento, na quinta, o III Fórum apresentará Silêncio, dirigida por Hilton Cobra e encenada pela Cia dos Comuns, do Rio de Janeiro. A peça questiona a platéia sobre o que passa pela mente de uma pessoa que durante toda sua existência sente que, a qualquer momento, poderá ser vítima do racismo.


 


De Salvador,


Eliane Costa