Notícia sobre identificação de Bergson Gurjão repercute no Ceará
Após o anúncio oficial feito na tarde de ontem (07 de julho) pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República e pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, familiares, parlamentares e amigos de Bergson Gur
Publicado 08/07/2009 12:08 | Editado 04/03/2020 16:34
Emocionada, Tânia Farias, irmã do militante comunista, afirmou que “a primeira reação foi um branco. Parecia que tínhamos parado no tempo, todo mundo ficou meio perdido. Mas a sensação é de alívio, porque vamos poder enterrar nosso ente querido”, ressaltou.
Para o presidente da Associação 64/68 Anistia e da Comissão de Anistia do Ceará, Mário Albuquerque, a identificação dos restos mortais de Bergson tem uma importância histórica e política. “O Bergson era uma pessoa de liderança política muito forte na década de 1960, dotada de uma forte consciência social. Ele era muito querido e foi um herói por acreditar e lutar por dias melhores além de ter uma grandeza humana que nós devemos honrar e lembrar para sempre”, declarou.
Durante a sessão plenária desta terça-feira no Senado, Inácio Arruda destacou o anúncio feito pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. “Bergson, que foi estudante da Universidade Federal do Ceará, lutou pelo bem do país”, declarou o parlamentar. O Senador também disse que esse é um anúncio “cheio de significados para a democracia brasileira, porque até recentemente tentava-se impedir que essa página da história fosse ultrapassada”.
O Deputado Federal Chico Lopes, em conversa com o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, agradeceu o empenho na identificação de Bergson e conversou sobre a dinâmica de como os restos mortais do cearense virão ao Ceará. “Queremos que este processo seja feito com calma, respeitando o desejo da família, porém fazemos questão de que Bergson receba todas as homenagens que ele merece”, disse o parlamentar. Ainda segundo o deputado, o reconhecimento da ossada do ex-guerrilheiro tem uma importância história. “Assim calamos o Estado que dizia que Bergson era desaparecido político. Agora temos argumentos concretos de que a história será contada da forma como ela de fato aconteceu. Este é um resgate sem revanchismo”, afirmou.
Amigo, companheiro, corajoso, dedicado, estudioso. Foi com estes adjetivos que o presidente estadual do PCdoB/CE Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas, definiu Bergson Gurjão. Contemporâneo do ex-guerrilheiro, o dirigente comunista afirmou que a confirmação da notícia de que a ossada catalogada como Xambioá 2 é de fato de Bergson traz um impacto muito grande. “Sinto um misto de alívio e de tristeza. O fato me faz relembrar muitos momentos em que estive com ele pois além de sermos camaradas de Partido, também éramos amigos próximos”, relembrou. Patinhas ratificou que a identificação do cearense é importante pois representa um momento histórico. “Neste momento faz-se um resgate daquele período da história do Brasil quando jovens abandonaram suas vidas em busca de um país melhor e mais justo”. Emocionado, Patinhas fez ainda uma homenagem. “Quero render um tributo à família de Bergson, em especial a sua mãe, Dona Luíza, que durante todos estes anos esperou com determinação pela identificação do filho. Bergson é, sem dúvidas, um herói cearense, assim como Bárbara de Alencar e tantos outros”, afirmou.
Mais sobre Bérgson Gurjão
Bérgson era estudante de Química na Universidade Federal do Ceará (UFC), vice-presidente do DCE eleito em 1968. Foi preso no Congresso da UNE em Ibiúna e, em 1968, excluído da universidade com base no Decreto-lei 477.
Em 1968, no Ceará, foi gravemente ferido na cabeça quando participava de manifestação estudantil na Praça José de Alencar. Em 1969, foi residir na região de Caianos, onde continuou suas atividades políticas. Em 08 de maio de 1972, foi ferido e morto em combate nas selvas do Araguaia.
De Fortaleza,
Carolina Campos