Na 61ª Reunião Anual da SBPC a FMG debate a Amazônia

“Vim dar uma ajuda à ciência, ela está muito desacreditada.. Ninguém a ouve”. A frase foi proferida pelo poeta Thiago de Melo na mesa de debate “Amazônia, Ciência e Cultura”, promovida pela Fundação M

O secretário de Estado da produção rural, Eron Bezerra (PCdoB), o presidente de honra da SBPC, Ennio Candotti, e o presidente da co-realizadora da atividade Associação Nacional dos Pós-Granduados (ANPG), Hugo Valadares, foram os demais debatedores da mesa que teve como coordenador o vice-presidente da FMG Augusto Buonicore.


 


 


O desafio de se encarar o desenvolvimento econômico da região amazônica sob a ótica da sustentabilidade e em conformidade com um projeto de nação que prime pelo combate às desigualdades sociais e inter-regionais deram o tom dos pronunciamentos.


 


 


A convergência em relação aos encaminhamentos a serem tomados para que esses objetivos sejam alcançados também se notabilizaram nos discursos. Iniciativas como a ampliação dos investimentos destinados às fundações e aos institutos de pesquisas da região e a soberania brasileira na exploração do bioma amazônico que está dentro do limite de nossas fronteiras foram alguns dos pontos consensuais.


 



Socialismo é o caminho para a humanidade


 


O célebre poeta Thiago de Melo usou sua compreensão aprofundada da sociedade para levar as questões da Amazônia e da ciência mais adiante. Em meio a um debate em que se colocava ambos os temas a favor da justiça e da humanidade, o poeta afirmou que tais condições se realizam apenas em outro sistema econômico-social. “Continuo socialista porque acredito na sociedade humana e justa”, afirmou.


 



Thiago foi bastante aplaudido ao iniciar sua exposição com a citação do poema “Filho da Floresta”, de sua autoria. Além da poesia e do socialismo, abordou a necessidade de se rediscutir a comunicação no meio científico, pois, de acordo com ele, suas produções não são compreendidas pelo povo e isso faz com que ela caia em descrédito.


 


 


Na ocasião, concordou com a afirmação de que “existe um fosso entre a ciência e o executivo”, dita pelo seu companheiro de mesa Eron, e completou da seguinte forma: “e existe um fosso maior ainda entre esses dois e o povo.



 


Após esmiuçar os programas desenvolvidos pela sua gestão na Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Eron afirmou que ''se uma pesquisa científica não tiver a finalidade de solucionar um problema social ela não serve de nada''.


 



Sustentabilidade


 


O agrônomo e secretário de Estado Eron Bezerra, tratou o tema a partir do conceito que mais se utiliza quando a região amazônica é citada: o desenvolvimento sustentável. O comunista explicou que tal perspectiva defende a necessidade de se explorar o potencial econômico da região, sem esquecer os cuidados ambientais que venham garantir a continuidade da mesma.


 



“O nosso debate deve ser aprofundar a sustentabilidade para prolongar a vida da humanidade sobre a terra”, concluiu Eron.


 



O jovem presidente da ANPG não conseguiu esconder a satisfação em compor a mesa com os nomes que estavam ao seu lado e apresentou as resoluções da entidade para o tema debatido. “A Amazônia é um tema bastante presente nos nossos fóruns. E defendemos que a sua exploração econômica e o desenvolvimento de pesquisas para conhecermos mais a região deve ser feita por nós brasileiros”, afirmou.


 


 


“Mas não adianta fazer de qualquer jeito. Implantar um laboratório aqui sem maiores preocupações, deve ser feita com responsabilidade”, completou Hugo.


 



O presidente de honra da SBPC centrou sua exposição na tentativa de articular os eixos apresentados pelo tema da mesa de debate. “A região amazônica tem uma cultura que, apenas do que se sabe, data de 9.000 anos. Precisamos não abrir mão dos conhecimentos da arqueologia, por exemplo, para traduzirmos tudo isso e contarmos para nossas crianças”, ressaltou Ennio Candotti.


 



Ele prosseguiu estabelecendo críticas ao modelo de desenvolvimento implantado no Estado do Amazonas. “A Suframa se volta para a produção de veículos de duas rodas, mas não tem nenhum plano para produzir hidroaviões. Isso é uma prova de que o desenvolvimento econômico da região poderia está mais atento a nossa realidade”, analisou, referindo-se a Superintendência da Zona Franca de Manaus, autarquia que administra o Pólo Industrial de Manaus.


 


 


De Manaus,


Anderson Bahia


 


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