Lula defende BB estatal e diz que Banespa foi “vendido a troco de nada”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a privatização de bancos públicos importantes e disse que, no cenário atual, instituições financeiras como o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal devem se fortalecer e marcar posição
Publicado 21/07/2009 12:23
O desabafo do presidente, feito durante reunião do Conselho Diretor do BB, foi direcionado especialmente ao Banespa, que, segundo ele, foi “praticamente doado” e “vendido a troco de nada”.
Em novembro de 2000, no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o banco espanhol Santander arrematou o Banespa por R$ 7,050 bilhões, o que representou ágio de 281,02% sobre o lance mínimo de R$ 1,85 bilhão fixado pelo Banco Central, depois de uma farsa monumental montada pelos tucanos para depreciar o banco.
“É nesse momento que a gente vê o acerto do Brasil de ter bancos tão importantes como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica e talvez um arrependimento porque bancos tão importantes para esse País foram praticamente doados, como o Banespa. Foi vendido a troco de nada”, disse o presidente.
Ao comentar as privatizações feitas no passado, ele afirmou que em governos anteriores as instituições iam à bancarrota também pela má gestão de governantes, que utilizavam os recursos dos bancos como caixa dois de campanha.
“Jogou-se em cima dos bancos a irresponsabilidade dos governantes que gerenciavam esses bancos ou utilizavam esses bancos para fazer os 'caixas dois da vida' e financiar campanha em época eleitoral e por conta disso todos os bancos públicos estavam quebrados”, ressaltou.
Durante a reunião do Conselho Diretor, o presidente destacou ainda que o crédito dos bancos públicos em 2003 era de cerca de R$ 380 bilhões, ao passo que atualmente o Banco do Brasil individualmente tem disponíveis R$ 200 bilhões para a concessão de crédito.
Vira-lata
“Decidimos fazer que a Caixa e o BB aumentassem participação no mercado. A orientação é comprar o máximo de carteira possível dos bancos pequenos. Tomamos a decisão de comprar a Nossa Caixa, em São Paulo, tomamos a decisão de comprar 50% do Banco Votorantim e administrá-lo meio a meio. Tínhamos tomado a decisão de o Banco do Brasil comprar o Besc, o Banco do Piauí e se tiverem outras coisas boas no mercado, que apareçam”.
Ao explicar que as instituições financeiras estatais precisam crescer, o presidente Lula também observou que ainda existe na sociedade brasileira “a mania de ser vira-lata”, mas estimou que o País deverá ser a quinta economia do mundo em um prazo de dez anos.
“Trabalho com a ideia de que daqui a dez anos seremos a quinta maior economia do mundo”, comentou o presidente na reunião. “Sempre nos tratamos como se fôssemos seres inferiores, (há) mania de ser vira-lata. Tudo para nós era superior. Quem é que gosta de alguém que não se respeita? As pessoas gostam de quem tem orgulho das coisas”, declarou.
Com informações do portal Terra