Justiça mexicana condena 12 militares por abusos
As autoridades militares mexicanas condenaram 12 soldados, enquanto outros 53 se encontram em processo por crimes como homicídio, sequestro e tortura, cometidos durante a “guerra” declarada pelo presidente Felipe Calderón contra o narcotráfico.
Publicado 24/07/2009 16:29
Os condenados são dois chefes, seis oficiais e quatro soldados da tropa, com penas de até 20 anos. A informação foi confirmada pelo diretor-geral de Direitos Humanos do Ministério da Defesa, Jaime López Portillo.
Entre os outros 53 processados estão um chefe, 11 oficiais e 41 soldados da tropa acusados de crimes similares aos dos militares já condenados.
Em dezembro de 2006 Calderón enviou às ruas mais de 36 mil soldados para enfrentar aos cartéis da droga, aos quais são atribuídos mais de 7.700 assassinatos desde 2008.
A organização humanitária Human Righs Watch expressou há uma semana sua preocupação pelos “abusos graves” dos militares mexicanos durante as operações contra o narcotráfico.
A entidade pediu ao governo dos Estados Unidos que retenha parte do dinheiro que era concedido ao México por intermédio da Iniciativa Mérida contra o narcotráfico até que os militares acusados de violações dos direitos humanos sejam julgados em tribunais civis.
Na quarta-feira Calderón publicou um decreto que atribui amplos poderes ao procurador-geral da justiça militar para representar o poder Executivo em controvérsias constitucionais e ações de inconstitucionalidade apresentadas à Suprema Corte de Justiça.
O decreto foi recebido com preocupação pela Câmara de Deputados. Segundo o secretário da Comissão de Defesa Alfonso Suárez del Real, o texto “outorga um poder extraordinário ao fórum militar, e implica na perda da responsabilidade institucional do titular do Executivo [Calderón] como chefe das forças armadas para assumir os custos da atuação das mesmas”.