Roubini alerta que aumenta risco de uma segunda onda de recessão
O economista Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova York e conhecido como Doutor Apocalipse, alertou para o risco de uma segunda onda de recessão mundial. Em nota publicada no site da consultoria Roubini Global Economics e em entrevista ao pro
Publicado 24/07/2009 13:45
Isso pode ocorrer, explicou ele, que previu a atual crise, se o déficit fiscal permanecer elevado, em torno de US$ 1,5 trilhão, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) “continuar imprimindo dinheiro para evitar elevações nas taxas de juros” e a expectativa de inflação permanecer em alta. Ele vê influência ainda do crescimento dos rendimentos dos bônus, escalada dos preços do petróleo, fragilidade dos lucros e estagnação do mercado de trabalho.
Para Roubini, a economia mundial começará a se recuperar perto do fim de 2009. Sua previsão é de que a economia dos Estados Unidos cresça cerca de 1% nos próximos dois anos. A probabilidade de um segundo ciclo de recessão em 2010 ou 2011, segundo Roubini, vai depender das estratégias adotadas pelo governo dos Estados Unidos. Se de um lado reduzir os estímulos fiscais cedo demais, elevando impostos e reduzindo gastos, a economia pode estar fraca ainda e cair em recessão.
Tempestade perfeita
Por outro lado, se houver demora e o déficit fiscal ficar muito alto, o mercado pode começar a se preocupar com uma inflação em alta e o aumento dos déficits. Roubini prevê caminho difícil para economia e risco maior de recessão em W ou U
A recessão global pode até estar mais perto do fim, acabando antes do previsto por analistas — mas o caminho para a recuperação da economia ainda é longo e árduo, e a situação pode piorar antes de melhorar novamente. Foi o que afirmou o economista Nouriel Roubini nesta quinta-feira (23).
O economista espera uma recuperação econômica tímida. Apesar das expectativas para a economia norte-americana este ano, com as altas taxas de desemprego e progressivas restrições ao crédito, uma taxa de crescimento mais provável para 2010-2011 é de 1%. E essa baixa expansão do produto pode levar a mais uma baixa na economia – uma recuperação em W. “Isso não tem que acontecer. Mas se torna cada vez mais provável, a não ser que uma estratégia de saída seja delineada logo”, diz Roubini, referindo-se às políticas monetária e fiscal implementadas com vistas a estimular a economia.
Ele aponta diversos fatores na formação da “tempestade perfeita” que pode levar a uma recessão em W em 2010 ou 2011. Entre os principais, estão a contínua alta nos níveis de desemprego, aumento nas dívidas públicas e alta nos preços de commodities como o petróleo. Apesar de acreditar na recuperação mais ágil dos BRICs, Roubini aponta que essas economias também dependem dos países em recessão, o que pode atrasar seu crescimento.
Commodities
Para ele, as expectativas otimistas demais do mercado também têm atrapalhado a economia. Há três semanas, mercados que há apenas quatro meses precificavam uma recuperação em L passaram a considerar uma retomada em V, prevendo uma grande melhora nos próximos meses. O segundo semestre de 2009, disse, será marcado por correções em preços de ativos de risco, impulsionado por uma situação macroeconômica pior do que a esperada. As expectativas para resultados corporativos também terão diminuído, com a recorrente queda na demanda.
O aumento do preço das commodites, impulsionado em parte por medo de investidores da inflação gerada pela grande liberação de crédito, também traz problemas para a economia. Caso os preços subam muito rápido, as economias que importam petróleo e outras commodities podem sofrer um golpe muito forte antes de estarem preparadas, o que poderia levar a outra queda no desempenho econômico. Mesmo assim, segundo Roubini, a chance de uma recuperação em L é baixa. O mais provável é uma recuperação em U – o que inclui um longo período de crescimento medíocre, frustrando as esperanças de um forte crescimento tão cedo.
Com agências