Publicado 20/08/2009 17:40 | Editado 04/03/2020 16:48
por Cristiano Capovilla
O fortalecimento da pré-candidatura de Flávio Dino para governador em 2010 tem provocado alvoroço, temor, preocupação, satisfação, alegria e muito debate sobre o caminho por trás do vertiginoso crescimento do comunista. Várias opiniões foram formuladas mostrando a dimensão do acontecimento no mundo da sucessão estadual. Duas correntes de opinião, porém, devem ser aqui tratadas: os dos setores oligárquicos (sarneístas e anti-sarneístas) e dos setores esquerdistas carentes da perspectiva da luta pelo poder político.
Os setores oligárquicos buscam reativar a 'lógica do terceiro excluído', isto é, a tentativa de afastar como ilegítima qualquer outra possibilidade política de mudança exógena (de fora das oligarquias), tentando excluir, assim, novos e importantes setores sociais e populares da luta pelo poder do Estado. A luta entre oligarquias da 'situação' e da 'oposição' é, portanto, o que desejam esses setores para 2010. Uma eleição puramente formal, mecânica, provinciana, sem conteúdo de classe. Por isso uma ou outra fração aristocrática acusa Flávio Dino de receber apoio "desta" ou "daquela" oligarquia, tentando destruir na fonte uma terceira possibilidade. Já alguns setores da esquerda acreditam que a pré candidatura de Flávio Dino, que cresce em apoios e adesões, pode perder o rumo, pois ao aliar-se a setores 'burgueses' tradicionais, estaria perdendo a pureza e esquecendo sua história de lutas etc. Temem uma contaminação do vírus oligárquico, por isso exigem 'pureza política' na confecção das alianças.
Ora, no meu humilde entendimento, são duas opiniões com um único objetivo: golpear no nascedouro a candidatura de Flávio Dino, tentando deslegitimá-la enquanto porta-voz das esperanças do povo maranhense. A busca de compromissos, apoios, de ampliação da frente de esquerda que sustenta a pré-candidatura da Flávio Dino ao governo do estado é um movimento tático coerente e imprescindível com o objetivo estratégico de angariar forças políticas suficientes para ganhar as eleições e mudar os rumos do Maranhão. A política de alianças deve ser elaborada levando-se em conta, serenamente, com estrita objetividade, todas as forças que compõe em determinado contexto histórico a disputa em questão.
As tradicionais oligarquias maranhenses não conseguiram renovar seu repertório político. Pelo contrário, apresentam nomes surrados que já estiveram no comando do estado e nada fizeram de significativo para diferenciar suas práticas baseadas na corrupção, no clientelismo e no patrimonialismo. A pretensa luta entre sarneístas e anti-sarneístas é apenas uma negação formal, clássica, entre ambos. Esses setores da política maranhense não se diferenciam, pelo contrário, se igualam, uma vez que basta estar do outro lado da mesa para ser verdadeiro, sem, no entanto, ter diferença do conteúdo falso que se quer negar. Basta ver os últimos governos da situação e da oposição oligárquicas para entender a formalidade da negação entre eles. Esses setores querem desqualificar o debate sucessório rotulando de 'coptação' a busca de apoios a pré-candidatura de Flávio Dino. Porém, o que realmente querem é que a candidatura de Flávio Dino permaneça 'isolada', sem condições de representar uma ampla frente, com núcleo na esquerda e nos movimentos sociais, contra os projetos do continuísmo introligáquico. Já alguns setores esquerdistas querem que o Flávio Dino represente a esquerda 'pura', mas tão 'pura', que suas alianças e o seu programa seria apenas a expressão do desejo subjetivo de meia dúzia de iluminados. Seria pior que a derrota na batalha, seria a rendição antes da luta. Seria o próprio isolamento.
Se de fato queremos mudar o Maranhão, primeiramente precisamos vencer as poderosas forças que comandam o continuísmo oligárquico. Para isso é necessário mostrar capacidade para construir uma nova maioria política. O desafio é aglutinar essa nova maioria, com o centro nos partidos de esquerda, para ganhar as eleições e ter força para governar e efetivar as transformações necessárias ao desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida da sofrida populção maranhense. É isso que a maioria da população quer: mudança, desenvolvimento e qualidade de vida. É isso que a candidatura de Flávio Dino representa.
O momento histórico é propício para romper com o ciclo das lutas intraoligárquicas e concretizar um projeto alternativo para o Maranhão. Os desgastes das contendas oligarquicas não só educaram o povo no sentido da verdadeira mudança, como também criou fissuras entre os grupos que sustentavam essas carcomidas elites. Há grupos que se deslocaram da periferia oligárquica e procuram adequar-se aos novos ventos da esquerda que sopram desde Brasília. A falência do modelo patrimonialista e clientelista no tratamento das questões do estado, implodiu o vasto campo das forças que sustentavam as oligarquias em contenda. A falta de um projeto de desenvolvimento, a corrupção, a miséria e a pobreza de amplos setores da sociedade, levam os trabalhadores, os setores médios do empresariado e os movimentos sociais e religiosos ao apoio a um projeto alternativo de poder. Tais relações são objetivas e conduzem a uma perspectiva de crescimento ainda maior da pré-candidatura de Flávio Dino ao governo do estado.
Lideranças políticas do campo democrático ou mesmo segmentos que foram vínculados a esse ou aquele governo oligárquico, por motivações variadas, aproximam-se da esquerda. Tais apoios e alianças não implicam em renunciar ao programa progressista e de mudanças. O programa é um compromisso histórico dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais com o povo maranhense. Ocupa o centro de gravidade o desenvolvimento com valorização do trabalho, a ampliação dos direitos básicos do povo como educação, saúde, moradia, água, esgoto, energia, segurança etc. A democracia, a transparência e o combate à corrupção. Por isso a candidatura do Flávio Dino é a mais consistente, por sua trajetória e por seus compromissos. É a única que está à altura de mudar os rumos do Maranhão, virando a página das épocas oligárquicas em nosso estado.
É nesse contexto que está o apoio de amplos setores políticos e sociais a uma frente alternativa, democrática e de esquerda, captaneada por Flávio Dino, ao governo do estado. Ao contrário do que acham os setores oligárquicos e esquerdistas, o movimento de apoio e adesão deve ser estimulado. Mais apoios devem vir para garantir que o programa mudancista vai estar no segundo turno das eleições estaduais.
Quanto as opiniões puristas, da direita ou da esquerda, não passam de elocubrações ingênuas ou mal intencionadas, mas em ambos os casos procuram golpear a única alternativa viável de angariar forças políticas e sociais para executar um projeto de poder democrático e de esquerda para salvar nosso estado. Esta é a razão dos fatos. O resto é conversa de quem quer mudar tudo sem mudar nada.