Sessão na Câmara de Vereadores de Belém, acaba em pancadaria

A Câmara Municipal de Belém (CMB) mais parecia um ringue de luta na tarde de ontem. A sessão especial que deveria tratar da possível privatização do serviço de abastecimento de água e esgoto de Belém foi encerrada pelo presidente da CMB, Walter Arbage, em função do tumulto que tomou conta da Casa.

De um lado, os que são contra a privatização. Do outro, partidários do prefeito de Belém, Duciomar Costa, que se alteraram durante o discurso do presidente da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), Eduardo Ribeiro.

Ele ocupava a tribuna, onde relatava o atual serviço prestado pela Companhia, dizendo-se contrário à privatização, quando foi interrompido por um grupo que gritava ordenando que o presidente “calasse a boca ou falasse apenas a respeito da pauta em questão”. Neste momento, funcionários da Companhia saíram em defesa de Ribeiro. Os grupos partiram para a agressão física transformando a já tumultuada sessão em um cenário de guerra.

Sem medir palavras, situação e oposição partiram para as ‘vias de fato’, em uma sessão de socos e cadeiradas. Homens caíam no chão e eram pisoteados, cadeiras eram jogadas para o alto, algumas mulheres gritavam, outras corriam para tentar se defender, mesmo com pedidos dos vereadores para que a ordem fosse mantida no local.

CONFUSÃO

Apenas três funcionários da CMB tentavam impedir a confusão, com o apoio de alguns guardas municipais. Passados os minutos de confusão, a sessão retomou as discussões quando novo tumulto teve início. Mesmo diante dos pedidos exaustivos dos vereadores para que os ânimos fossem controlados, os grupos voltaram a se agredir. A Polícia Militar e a tropa de choque foram acionadas, mas não precisaram intervir.

Às 16h30, a sessão foi encerrada pela presidência da Casa, que não informou uma nova data para outro debate. Segundo o vereador Marquinho do PT, a confusão foi mais uma manobra política da atual administração municipal para impedir que o assunto da privatização fosse discutido seriamente. “Não vamos deixar que estas pessoas passem por cima de um direito de todos nós. A água é um bem público e não deve ser tratada como interesse de um grupo”, falou o vereado.

Prefeito não ouviu a população

Para o vereador Otávio Pinheiro a privatização da água é apenas mais uma artimanha a ser realizada contra o povo de Belém. Ele diz que, sem convocar a população para um debate, o prefeito Duciomar Costa protocolou no dia 22 de junho na CMB, um projeto prevendo a privatização do serviço de abastecimento e esgotamento sanitário de Belém.

Pinheiro informou que desde uma sessão especial realizada no dia 19 de março em alusão ao Dia da Água, vem denunciando a intenção da prefeitura, inclusive a de contratar uma empresa multinacional para iniciar os estudos de concessão privada.

MANOBRA

Segundo o vereador, na tentativa de lutar contra a manobra, foi criada uma frente popular formada por entidades da sociedade civil, parlamentares e técnicos do setor.

O presidente da Cosanpa, Eduardo Ribeiro não quis comentar a confusão em plenário. Ele falou que a Cosanpa é contra a privatização e que busca o entendimento com a prefeitura para que encontrem a melhor alternativa para resolver a situação.

Segundo ele, nos últimos anos, o serviço não foi priorizado, o que deixou a

Cosanpa sucateada e com sérios problemas operacionais. “Temos muitos problemas, mas buscamos sempre melhorar o serviço, o que já vem acontecendo na capital e em vários municípios que são abrangidos pelo sistema de abastecimento da Cosanpa”.

>> Privatização representa problemas, diz sindicato

Para o presidente do Sindicato dos Urbanitários, Ronaldo Romeiro, mais do que um jogo de interesses, a privatização representa para o setor problemas graves que refletirão diretamente contra o povo, como as altas taxas que serão cobradas e a falta de qualidade no serviço oferecido.

Segundo Romeiro, na intenção de justificar o serviço prestado como não sendo de qualidade, o prefeito enviou uma carta ao ministro das Cidades, Marco Forte de Almeida manifestando, na qualidade de poder concedente, o seu desinteresse em dar anuência à operação de crédito destinada à execução de obras de saneamento em Belém, no valor de R$ 244,5 milhões, que seria realizado pela Cosanpa.

Segundo Romeiro, na tarde de ontem, o prefeito estava no Maranhão em reunião com o empresário Adriano José Correa Grosara, presidente da empresa Saneatins para tratar de novos projetos no abastecimento de água.

Fonte: Jornal Diário do Pará