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Encontradas provas de fraude eleitoral no Afeganistão

As eleições no Afeganistão prometem tranformar-se num pântano tal como a ocupação americana transformou o país. A recontagem parcial dos votos — exigida pela Comissão Eleitoral devido às evidências de fraude — pode levar meses. Karzai não pode, assim, cantar vitória. Por outro lado, o Tribunal Penal Internacional anunciou que vai investigar os crimes de guerra cometidos naquele país.

A Comissão Eleitoral do Afeganistão recebeu mais de 200 queixas de fraude, 726 das quais consideradas "sérias" e passíveis de afetar os resultados finais. "Será impossível determinar a vontade do povo afegão" a menos que sejam investigadas as queixas, destaca o organismo.

A Comissão ordenou uma nova contagem em todas as seções com mais de 95% dos votos para um mesmo candidato ou com 100% ou mais de participação.

"No curso de suas investigações, a Comissão Eleitoral descobriu provas convincentes de fraude" nas províncias de Ghazni, Paktika e Kandahar, disse um comunicado emitido nesta quinta-feira pela Comissão.

Muitas destes votos poderão ser simplesmente anulados. Em algumas seções acredita-se que o número de votos para o atual presidente afegão seja 10 vezes maior que o número de pessoas que foram efetivamente às urnas.

O trabalho de recontagem não tem prazo para acabar. Funcionários em Cabul acreditam que a tarefa levará alguns meses para ser concluída, posição que é partilhada pela Comissão Eleitoral e por Washington, acentuando o impasse político no país.

Com 2.959.093 dos 5.469.289 contabilizados, Karzai ultrapassou os 50% necessários para evitar um segundo turno, seguido por Abdullah Abdullah, com 1.546.490 votos (28,3%). Mas o número de votos sobre os quais recaem suspeitas de fraude seria suficiente para obrigar a realização de um segundo turno.

Por isso mesmo, o embaixador americano em Washington, Karl Eikenberry, disse claramente a Karzai para não declarar a vitória. "Não se declare vencedor", disse o embaixador americano em Washington ao presidente afegão, citado pelo New York Times.

A posição dos EUA poderá ser a de submeter Karzai a dividir o poder com os seus adversários, até ficar concluída a recontagem dos votos

Ao mesmo tempo, o Tribunal Penal Internacional recolher evidências sobre crimes de guerra no Afeganistão, perpetrados tanto pela Otan quanto pela guerrilha anti-ocupação dos Talibãs, e que incluem "ataques massivos, danos colaterais excessivos e tortura".

O anúncio da investigação acontece após o bombardeio, na semana passada, de um caminhão de combustível pelas forças da Otan, na província de Kunduz, que matou mais de 90 pessoas.

Da redação, com informações da al-Jazira e Esquerda.net