Messias Pontes – Por que Cuca Che Guevara?

Com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador Cid Gomes, do senador Inácio Arruda, do ministro José Pimentel e de vários deputados federais, estaduais, vereadores e lideranças políticas, sindicais e populares e de milhares de pessoas do povo, a prefeita Luizianne Lins inaugurou o primeiro dos cinco Cucas em Fortaleza, prometidos em sua primeira campanha à Prefeitura Municipal.

Localizado na bucólica Barra do Ceará, utilizando toda a estrutura do antigo Clube de Recatas, ela batizou o Cuca com o nome do médico e revolucionário Ernesto Che Guevara, um dos comandantes da vitoriosa revolução cubana de 1º de janeiro de 1959 ao lado de Fidel e Raul Castro e de Juan Almeida, vice-presidente daquele país que faleceu no dia seguinte à inauguração – 11.09.09.

Sem discurso, sem bandeira e sem credibilidade, a direita cearense – PSDB, DEMO e os jornalistas amestrados e colonizados – não economizou críticas ao nome dado àquele importante equipamento comunitário que atenderá à juventude tão carente da Zona Oeste da capital cearense. “Por que Che Guevara? O que ele fez por Fortaleza para merecer tal homenagem?”. Estas foram as perguntas repetidas durante vários dias, tanto na Assembleia Legislativa quanto em alguns órgãos da imprensa local, por aqueles de visão míope e atitudes mesquinhas.

Ao contrário dessa gente, devemos dizer que a prefeita Luizianne Lins merece só elogios pela importante obra e pela homenagem prestada a um extraordinário ser humano que dedicou sua vida à mais nobre das causas que é a luta pelo fim das injustiças e das desigualdades sociais em todo o mundo.

Nascido na cidade de Rosário, na Argentina, em 14 de junho de 1928, Ernesto “Che” Guevara concluiu o seu curso de medicina aos 25 anos, tendo aos 19, numa bicicleta, percorrido 4.700 km, quando conheceu todo o seu país e as suas carências. Depois de formado, Guevara foi para a Guatemala onde trabalhou para o governo popular daquele país, de lá saindo em função de um golpe militar patrocinado pelo imperialismo norte-americano.

Sendo forçado a deixar a Guatemala, ele foi para o México onde conheceu os irmãos Fidel e Raul Castro e outros revolucionários cubanos que decidem retornar a Cuba e lutar até a derrota total do ditador Fulgêncio Batista, capacho do Império do Norte. Com a vitória da revolução cubana, Guevara ocupou o Ministério da Indústria e Comércio e a presidência do Banco Central.

Consciente de que a injustiça deve ser combatida em qualquer parte do planeta, Guevara deixa a cômoda posição que ocupava no governo cubano e vai ajudar seus irmãos africanos, mais exatamente no Congo, para ajudar o movimento revolucionário daquele país a derrubar mais uma ditadura patrocinada pelo imperialismo ianque e que assassinou o grande dirigente Patrício Lumumba. Guevara teve de sair do Congo, mas deixou a sua colaboração que 30 anos depois resultou na derrubada da ditadura e na implantação de uma democracia popular.

Guevara poderia ter retornado a Cuba e ocupado importantes cargos. Porém decidiu ir para a Bolívia ajudar a derrubar o governo tirano daquele país sul americano. Preso no dia oito de outubro de 1967 no povoado de La Higuera, no interior boliviano, foi covardemente fuzilado por determinação da CIA. Antes de receber o tiro fatal, Guevara olhou para os seus algozes e enfatizou: “Vocês, covardes, vão assassinar um homem que luta pela liberdade”. Tinha então 39 anos.

Ícone revolucionário e ídolo da juventude mundial até hoje, Che Guevara é um cidadão do mundo. Portanto também de Fortaleza. Daí a justíssima homenagem que a Prefeita lhe prestou.

A crítica que deve ser feita à Prefeita é pela sua pequenez de ter omitido, no ato de inauguração, os nomes do médico Mariano Freitas e da engenheira civil Ana Lúcia Viana, ex-secretários da SER I, responsáveis pela construção do Cuca. Não fosse Mariano, certamente o Cuca Che Guevara não estaria instalado no antigo Clube de Regatas Barra do Ceará.

Os dois, que prestaram relevantes serviços à Secretaria Executiva Regional, são destacados quadros do PCdoB que receberam a incumbência partidária para ajudar a Administração Municipal de Fortaleza. A Prefeita não teve sequer a delicadeza de convidá-los para o ato de inauguração. Se ambos fossem petistas Luizianne teria omitido os seus nomes? Certamente que não.

Mas essa estreiteza política e o ranço anticomunista não ofuscam o brilho do evento e a justeza da homenagem. Parabéns, Prefeita, pois Che Guevara, como cidadão do mundo, também é cidadão fortalezense, queiram ou não a direita irracional e os jornalistas e radialistas amestrados e colonizados.

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho-CE