A saída é a participação política, ensina Protogenes em Londrina

“O Brasil precisa de ação. A saída é a participação política. O papel de fiscalizar e exigir dos administradores. Daí pão a quem tem fome. Não dá mais para esperar tem que participar”. A receita é do delegado da Policia Federal, Protógenes Queiroz, o cavaleiro da esperança deste início de século 21. A esperança de livrar o país da corrupção, que assola o território desde que os portugueses aqui chegaram.

protogenes

Por onde passa, Protógenes arrasta multidões. E em Londrina, cidade do norte do Paraná, não foi diferente. Cerca de mil pessoas, entre alunos, pais e mães, foram ao Teatro do Marista na promoção do Portinari Multi Cultural ver durante duas horas o que o delegado que preencheu a sua vida em prender corruptos e recuperar recursos aos cofres públicos, numa estimativa de R$ 10 bilhões de dólares. O delegado que ficou famoso pelas prisões inéditas de políticos e banqueiros influentes da República.

“A palestra de combate à corrupção é uma prestação de contas que este servidor público traz para você”, iniciou. Ele lembrou da menina de sete anos, que enviou uma carta com a bandeira do Brasil e com a seguinte frase: ‘Protógenes não desista’. “Esta caminhada que comecei no ano passado tem o compromisso de levar o que esta criança quer para o país.”

O delegado falou de filosofia. “A corrupção vem de um processo longo. Não pode haver sobreposição ou desequilíbrio entre o interesse público e o privado. A distância entre estes dois conceitos dá margem para a corrupção e atos lesivos ao estado brasileiro”, afirmou.

Ele falou da história da corrupção. Os alunos, a sua grande maioria menores de 18 anos, entenderam porque desde 1.600 o país é saqueado. “A falta de punição. O clima de impunidade principalmente para os poderosos. Isto geral um descontrole total no país”, garantiu.

Protógenes Queiroz deixou como lição para acabar com a corrupção a indignação com responsabilidade. “O Brasil tem pressa. Sair do plano da indignação pública para agir”, diz. Ele contou a história do povo da cidade de Garanhuns, onde o presidente Lula nasceu, que se organizou para cobrar uma ponte que já deveria ter sido construída na cidade e simplesmente os recursos sumiram, virou manifestação na Câmara de Vereadores, depois uma CPI e por fim a cassação do prefeito. “Este tipo de ação dá resultado. A via é política”, ensina.

Quem sai da palestra do delegado Protógenes sabe que é hora de agir, organizadamente. Cada um fazendo a sua parte, com responsabilidade e compromisso com a coisa pública. Assim as coisas vão melhorar.

Visita ao prefeito Barbosa Neto

Além da palestra, em sua estada em Londrina, Protógenes Queiroz fez uma visita ao jovem prefeito de Londrina, Barbosa Neto, que elogiou o trabalho realizado pelo delegado no combate a corrupção. “São pessoas como você que precisamos para mostrar que o Brasil vai dar certo. O Protógenes é um herói no país de anti-heróis”, disse.

O delegado ressaltou a transparência com que o prefeito trata a administração pública. “Pela primeira vez vi um prefeito anunciando uma viagem internacional para buscar investimentos, detalhando quanto será o valor gasto, quantos dias ficará fora. Coisa rara nesta República brasileira”, opinou. “As prefeituras tem que ter mais transparência. Tratar a coisa pública como público”, completou.

Notificações

O delegado Protógenes Queiroz ao chegar a Londrina, no hotel onde se hospedou, foi recepcionado por um agente da Polícia Federal, que trazia duas notificações de procedimentos disciplinares: uma referente ao desarquivamento de um processo de 2003, que diz respeito à prisão do deputado federal Paulo Maluf (PP/SP) e outro que tem a ver com o seu blog, que é produzido por jornalistas. Nesse procedimento, a PF alega que texto colocado no blog “afronta a imagem” da instituição. Com esses já chegam a nove os procedimentos abertos ou reabertos contra o delegado, desde o fatídico mês de julho do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Satiagraha.

De Londrina, José Otávio