Projeto que libera bingos divide Congresso
Aprovado por larga maioria em todas as comissões técnicas –na CCJ passou com 40 votos contra 7 –, o projeto que legaliza os bingos e caça-níqueis vai agitar os debates do Congresso nas próximas semanas. Com argumentos fortes contra e a favor, os dois lados estão armando um cenário de guerra política em torno da votação em plenário.
Publicado 20/09/2009 21:18
Maior aliada da causa, a Força Sindical promete trazer caravanas de todos os Estados e reeditar a manifestação de 2004, que reuniu em Brasília 30 mil pessoas em protesto contra a Medida Provisória que fechou os bingos.
A entidade não revela quanto gastará na mobilização, mas assegura que não medirá esforços para aprovar o projeto. "Apoiamos a causa porque ela é extremamente importante para a economia e a geração de empregos no País", explicou o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-RJ), presidente da central e líder do movimento pela liberação do jogo. Sua estimativa é de que a liberação dos jogos criará mais de 300 mil empregos e injetará R$ 6 bilhões por ano em impostos e royalties para áreas sociais.
A trincheira oposta, por sua vez, tem duas divisões blindadas, uma chefiada pelo PSDB, com grande parte dos 70 votos contra a liberação, e outra comandada pelos evangélicos, que soma 41 votos. "Vejo a liberação com desconfiança, porque todos os antecedentes do bingo apontam para criminalidade, corrupção e lavagem de dinheiro", disse o líder do PSDB, José Aníbal (SP). "A corrupção e as drogas andam de mãos dadas com a jogatina que se quer introduzir no País", emendou o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), outro adversário ferrenho.
Entre os contrários à proposta, José Eduardo Cardozo (PT-SP) atacou um dos pontos fracos da proposta: a falta de dispositivos para combater a lavagem de dinheiro. Segundo ele, faltou colocar na proposta a obrigatoriedade de divulgação dos nomes dos ganhadores. Cardozo defende que a lista fique acessível a qualquer cidadão na internet.
Os parlamentares contrários à legalização esperam que se ela passar no Congresso, o presidente Lula a vete. Para isso, gostam de lembrar uma frase dita por Lula em 2004: "Não é em nome de criar em empregos que vou legalizar o crime organizado e a lavagem de dinheiro. Se fizer isso, depois vou ter que legalizar a prostituição infantil. Não me peçam para cometer ilegalidades e legalizar a bandidagem", afirmou Lula na ocasião.
Os católicos estão divididos, para alívio dos adeptos do jogo, que por sua vez têm conseguido adesões em todos os partidos, dos mais conservadores aos de esquerda. Um dos mais entusiasmados é o petista José Genoino (SP), que não poupa argumentos para puxar adesões na bancada, recheada de evangélicos. "A espada da fé não resolve essa questão, porque a atração de ganhar é da natureza humana e jogar não é crime", disse ele
Nos bastidores, a bancada do jogo articula para que o projeto seja votado na segunda quinzena de outubro. Um grupo de 28 deputados, arregimentados por Arnaldo Farias de Sá (PTB-SP), assinou o projeto original de legalização, mas se estima que a bancada do jogo tenha no mínimo o triplo dos que se expõem publicamente.
Da redação,
com agências