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SP: "Cercadinho" de Serra no Metrô teve que ser abortado

"Hoje São Paulo tem o Metrô mais lotado do mundo, com mais de 10 passageiros por metro quadrado", denuncia o Sindicato dos Metroviários. O governo José Serra (PSDB) teve uma ideia luminosa para enfrentar o problema: a "Operação Embarque Melhor", tão "melhor" que, no primeiro dia de teste, na hora do pico desta segunda-feira (28), teve que ser abortada depois de apenas 25 minutos.

Simplesmente havia passageiros demais para os "cercadinhos" que limitavam em 30 passageiros o embarque em cada porta dos trens. Teimoso, o Metrô sob administração tucana resolveu fazer outro teste na terça-feira (29).

"O tumulto só mudou de lugar"

O objetivo do esquema é limitar o número de pessoas que se agrupam diante das portas dos trens nos horários de pico e nas estações mais movimentadas, Tatuapé e Barra Funda. Em cada trem, entrariam 900 pessoas, 30 em cada porta. O 31º teria que esperar a próxima composição.

Na terça-feira o esquema mudou para 40 por "cercadinho". Entre 17h30 e 19h, cerca de 200 funcionários tentaram segurar a multidão, só na Estação Sé e apenas no sentido Itaquera. Na segunda, tinham sido 110 funcionários. A assessoria de imprensa do Metrô informou que a análise do segundo dia só seria divulgada na quarta-feira, mas quem assistiu constatou que novamente não deu certo. "O tumulto só mudou de lugar", reclamou a ajudante-geral Lilian da Silva.

"O Sindicato é contra esta medida e exige que o Metrô tome as devidas providências para que os usuários tenham conforto e segurança em todo o sistema, bem como que os metroviários das demais estações tenham a sua integridade preservada, já que o efetivo está reduzido e sua atuação também é comprometida", diz o informativo da entidade na internet (http://www.metroviarios.org.br).

O empurra-empurra na hora de embarcar é um dos maiores problemas do metrô de São Paulo. Mas a solução está em mais trens, mais linhas e mais estações, não em impedir os passageiros de embarcar.

Um Metrô que não corresponde à metrópole

O problema, analisa o Sindicato, é que a expansão do Metrô-SP "nunca correspondeu às necessidades desta metrópole, que não pode mais estar fadada a prosseguir em ritmo de tartaruga na ampliação de sua malha metroferroviária".

As estatíeticas confirmam dramaticamente a opinião dos metroviários paulistas. A tabela ao lado comprova.

O mundo tem 55 linhas de metrô com mais de 50 km de extensão. Destas, 42 são mais extensas que a de São Paulo. Chegam a 51 as que ficam em cidades com população menor que a paulistana. E nenhuma usa o "cercadinho" que o governo Serra tentou implantar.

Além disso, 20 das 42 linhas que ganham da capital paulista são mais recentes que ela (inaugurada em 1974). E sete são mais novas que os 14 anos de reinado do PSDB no estado de São Paulo.

O metrô de Xangai, na China, por exemplo, foi inaugurado em 1995, quando Mário Covas era o governador paulista; hoje dem 250,2 km de extensão, mais do quádruplo de São Paulo. O de Tabriz, no Irã, é de 2002, Geraldo Alckmin governador; com 85 km, é 38,7% mais extenso. E o metrô de Dubai, nos Emirados Árabes, que foi inaugurado este ano, já está com 52,1 km, ou 85% do de São Paulo. Cuidado para não ficar atrás de Dubai, José Serra…

Atento aos problemas do povão, o jornalista Paulo Henrique Amorim ridicularizou a ideia de Serra em seu blog, Conversa Afiada (http://www.paulohenriqueamorim.com.br):

O metrô de São Paulo é insuficiente com os vagões, as estações, as paradas que tem e os intervalos entre elas.

O que está aí não basta.

Sem falar no que não está – e não andou mais rápido, por causa, por exemplo, da cratera da Linha 4.

Agora, os gênios do engenheiro civil [como PHA chama José Serra, depois que se descobriu que ele se diz engenheiro mas na verdade não se formou] resolveram resolver o problema do metrô.

Não é construir mais estações.

Botar mais trens para rodar.

Nem aumentar a frequência das paradas.

Não, ele é um gênio.

As soluções têm que ser geniais.

Ele resolveu criar um “cercadinho” para os pobres.

É assim.

O pobre chega à estação.

Pensa que, por se tratar de uma estação do metrô, ele vai se aproximar da plataforma, esperar o trem chegar, pegar o trem e ir trabalhar.

Não, com os tucanos, não é assim que funciona.

O pobre chega de manhã e entra num “cercadinho”.

E fica lá.

No “cercadinho”.

Em lugar de ficar um colado no outro, a se empurrar na beira da plataforma, agora fica todo mundo colado, a se empurrar, mas no “cercadinho”.

Sensacional.

Isso é coisa de gênio.

Qual o objetivo do “engenheiro civil” ?

Não é reduzir o número obsceno de horas que o trabalhador de São Paulo leva para ir e voltar do trabalho.

Não, isso não é problema dele.

Esse pessoal vota na Marta, mesmo.

Azar o dele.

O problema do Zé Pedágio é a fotogenia.

Na hora em que a Globo filmar, de cima, a estação do metrô, cheia de gente, vai dar ao espectador a impressão de que está tudo arrumadinho, ordeiramente, cada qual no seu “cercadinho”.

Ele é um gênio.

Mal sabe ele que o problema do transporte público em São Paulo pode degenerar num “caracazo”.

E o vândalo será ele, o engenheiro civil …