Mery Medeiros: Bergson vive!

O Brasil vive hoje, e na presente quadra política, um dos momentos que transcendem a própria realidade de vida do povo brasileiro.

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A consolidação do estado pelo direito alcançada pelo governo do nosso país, no tocante à restauração e o resgate da cidadania usurpada através da insanidade truculenta do período ditatorial.

É neste desabrochar de luz libertária, que nós fomos presenciar um ato de profunda força que tocou a nossa sensibilidade, no ponto de vista da nossa convicção ideológica, e ao mesmo tempo, na essência do nosso sentimento de compromisso com a preservação da memória histórica.

Nos dias 05 e 06 do mês de outubro, a comissão de anistia do Brasil, presidida pelo Dr. Paulo Abraão, deslocou-se até o estado do Ceará, na capital Fortaleza, para proceder o julgamento de aproximadamente 81 processos baseados na Lei Federal nº 10.559 de 2002, a 28ª Caravana da Anistia, também denominada de “Caravana da Liberdade”.

Após vários anos de espera, tivemos a emoção pulsante dentro da nossa alma, de receber os restos mortais do bravo e heróico militante do PCdoB, Bergson Gurjão Farias, ferido em combate, no dia 08 de maio de 1972, na Guerrilha do Araguaia.

A cerimônia da vinda dos restos mortais de Bergson , teve significação do resgate histórico da mais alta relevância, pela presença das personalidades presentes, abaixo citadas:

• Inácio Arruda – Senador da República – PCdoB/CE;
• José Genoíno – Deputado Federal – PT/SP;
• Chico Lopes – Deputado Federal – PCdoB/CE;
• Dr. Paulo Abraão Pires Júnior Presidente da Comissão de Anistia – Brasília/DF;
• Carlos Augusto Diógenes – Dirigente do PCdoB/CE;
• Augusto Chagas – Presidente da União Nacional dos Estudantes – UNE;
• Vice-Reitor da UFC;
• Familiares do militante Bérgson Farias, sua mãe Dona Luiza (94 anos), e suas irmãs Tânia e Ielnia.

A luta pela anistia, e pela identificação dos mortos e desaparecidos, continua e nos coloca no dever indeclinável dos patriotas e brasileiros de todas as vertentes sociais e políticas, na obrigação cívica de enterrar os nossos mortos e entes queridos, com dignidade, preservando a nossa história política, fazendo dela um exemplo edificante para futuras gerações: Bergson vive!

 

Mery Medeiros é Escritor e Pesquisador Social