Bancários em reta final de greve

Após 26 dias ininterruptos de movimento grevista, o Sindicato dos Bancários do Amazonas está prestes a retornar todo o efetivo de trabalhadores aos seus respectivos postos. O termo assinado nesta segunda (19) pela direção do Banco da Amazônia, em acordo com a reivindicação da categoria, fez com que apenas os funcionários da Caixa Econômica continuassem paralisados.

Seguindo a diretriz nacional, em que cerca de 150 mil do total de 400 mil bancários aderiram à greve, os membros da categoria no Amazonas iniciaram suas reivindicações desde 24 de setembro. De acordo com o presidente do sindicato no Estado, Nindberg Santos, 70% do total de 3 mil bancários amazonenses paralisaram as atividades. Tanto em Manaus quanto nos municípios de Manacapuru, Itacoatiara, Parintins, Maués, e da agência do Banco da Amazônia em Coari.

A amplitude e a durabilidade do movimento tem feito com que os acordos sejam fechados dentro das expectativas dos trabalhadores. Além das reivindicações salariais concretizadas, o lançamento de concurso público para a contratação de 10 mil novos bancários no Banco do Brasil, 3 mil na Caixa Econômica Federal, em âmbito nacional, e dezenas de outros no Banco da Amazônia são recebidos como vitórias por parte dos grevistas.

“Isso é fruto da pressão ocasionada pelos movimentos”, comemora Nindberg. No Estado, as paralisações foram deflagradas por conta da ausência de acordo com a proposta da direção das empresas, cujos números restringiam-se a 4,5% na reposição salarial da categoria e meros 4% na participação dos lucros.

Crise econômica não atingiu os bancos

O dirigente sindical justifica a firmeza das cobranças com a análise da conjuntura econômica e os setores afetados pela crise mundial. “Houve crise na indústria, no comércio, mas no setor financeiro não houve. Os bancos continuam publicando lucros de 8 a 10 bilhões, sendo que anualmente os ganhos são 15% acima do que foi lucrado no ano anterior”, fundamentou.

A condição favorável do Brasil em relação aos outros países durante a crise é ressaltada por Nindberg. “Se o Lula blefou quando disse que a crise seria uma marolinha para nós ninguém sabe. Mas é verdade que aqui os bancos lucraram bastante. Tanto que mandaram muito dinheiro para socorrer as agências em outros países”, destacou.

Momento da valorização profissional

Diante desse cenário favorável, a categoria não mede esforços para ter sua parte retribuída de maneira legal. “Não é do movimento social o radicalismo. Mas diante dessa situação temos plena convicção que podemos ter o nosso poder de compra recomposto por meio de um reajuste digno. E também ter a garantia do cumprimento da nossa jornada que é de 6 horas”, diz ao lembrar que já é corriqueiro o extrapolamento dessa carga por conta das “metas abusivas” que são repassadas aos trabalhadores.

Apesar do foco maior das reivindicações serem depositadas nas questões salariais, os bancários buscam ampliar os benefícios tanto para a categoria quanto para a sociedade. O aumento do número de profissionais contratados pelas empresas tem por fim garantir a agilidade no atendimento e cumprir a lei das filas. Para os funcionários buscou-se, ainda, reduzir as metas de lucros específicas que as direções dos bancos repassam a cada um de seus funcionários. Isso com o intuito de recuperar a qualidade de vida dos trabalhadores.

Desgaste da greve

Sem estarem alheios aos desgastes ocasionados pelos usuários dos serviços bancários, os dirigentes sindicais buscam ampliar os horizontes daqueles que questionam a atitude. “Infelizmente o usuário sofre muito durante as greves. Mas se a sociedade não passa encara isso, as reivindicações deixam de ter fundamento e um setor importante da sociedade fica esquecido”, ponderou o presidente do sindicato.

A este fator soma-se a cobertura da grande imprensa. “Tem veículos da imprensa que conversam com a gente por questão de educação, mas a versão que é publicada sempre é contrária a nós”, completou.

De Manaus,
Anderson Bahia