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Israel quer mudar leis de guerra a seu favor

O primeiro ministro de Israel, Benyamin Netanyahu, chamou de mentiroso o relatório das Nações Unidas, que denuncia crimes israelenses em Gaza, e se mostrou a favor de modificar as leis internacionais de guerra, para poder justificar a hostilidade contra os palestinos.

Netanyahu reagiu assim ao relatório Goldstone, aprovado na última quarta-feira (14) no Conselho de Direitos Humanos da ONU e no qual estão documentados crimes de guerra perpetrados durante a ofensiva militar israelense à Faixa de Gaza, em dezembro e janeiro passado, que foi denominada na época "Operação Chumbo Derretido".

Sobre o tema da regulação da guerra e o direito internacional humanitário, instruiu "orgãos relevantes do governo" a examinar a possibilidade de promover uma campanha mundial para emendar as leis internacionais de guerra e "adaptá-las" à "proliferação global do terrorismo", termo usado para referir-se à resistência palestina.

Da mesma forma, ordenou o Ministério da Justiça para formar um comitê para analisar possíveis procedimentos legais no estrangeiro contra o Estado de Israel e seus cidadãos.

"Precisamos desbaratar esta mentira que se expande com a ajuda do relatório Goldstone", bradou Netanyahu, cujo governo ultradireitista mantém estancadas as negociações de paz com a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

O premiê minimizou o saldo de 22 dias de bombardeios pelo ar, mar e terra contra a Faixa de Gaza, com o salde de mais de 1.400 mortos, incluidos 350 crianças, e mais de cinco mil feridos.

As orientações dadas a seu gabinete foram feitas em seguida a uma reunião dos responsáveis pela segurança diplomática, que discutiram na quarta-feira a resposta israelense ao documento votado no CDH.

Os ministros concordaram em formar um comitê especial para encarar as consequências legais internacionais derivadas do texto e a possibilidade de que funcionários israelenses sejam julgados por tribunais estrangeiros sob a acusação de crimes de guerra.

Mesmo assim, o ministro da Defesa, Ehud Barak, que também desempenhava o cargo durante a agressão a Gaza, alegou que as mudanças na legislação internacional de guerra dariam aos militares israelenses "completo apoio para que tenham liberdade de ação".