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Chefe da polícia é demitido acusado de espionar Kirchner

O chefe da Polícia Metropolitana de Buenos Aires, Osvaldo Chamorro, foi demitido nesta terça-feira (17) depois da acusação de comandar um esquema de espionagem contra a presidente Cristina Kirchner. Além dela, o marido e ex-presidente, Néstor Kirchner, deputados e senadores tinham a vida vasculhada por Chamorro.

O juiz federal Norberto Oyarbide comprovou que Chamorro armazenava em seu computador pessoal dados financeiros de diversos legisladores com afinidade aos temas de segurança pública bem como de membros do governo portenho, incluindo o chefe de gabinete do prefeito Mauricio Macri, Horacio Larreta.

Chamorro estava envolvido também nos pedidos à Justiça de escuta telefônica de diversos políticos e empresários argentinos. Os pedidos partiam de acusações falsas de participação dos "grampeados" em crimes e eram deferidos por dois juízes do interior do país.

O ministro de Segurança da capital argentina, Guillermo Montenegro, destacou que seu funcionário utilizava dados que podem ser consultados por qualquer pessoa, mas admitiu que houve irresponsabilidade no caso. “Ainda que realizar esse tipo de atividade não seja ilegal e qualquer um posa fazê-lo porque a informação da empresa Nosis é pública, no contexto no qual nos encontramos, o chefe de governo entendeu que foi uma falta ética grave e por isso decidimos pedir a renúncia dele”, ressaltou

Polícia Metropolitana

Criada há um ano pelo governo conservador de Maurício Macri, adversário político dos Kirchner, a Polícia Metropolitana já consumiu em torno de R$ 300 milhões, de acordo com cálculos de movimentos sociais, que lembram que é o mesmo investido em um ano de educação pública e seis vezes o destinado a habitação.

Antes da nomeação de Chamorro, a intenção de Macri era colocar à frente da instituição Jorge “El Fino” Palacios, policial acusado de ir à Praça de Maio durante os movimentos de dezembro de 2001 para matar ao menos cinco manifestantes.

Além disso, Palacios é investigado por envolvimento no maior atentado da história argentina. Em 1994, um atentado contra a organização judia AMIA matou 85 pessoas e feriu 300, e El Fino é acusado de dar cobertura a organizadores e cúmplices da ação. Ontem, sua prisão foi pedida a Oyarbide, com base na acusação de escuta ilegal.

A Polícia Metropolitana deveria entrar em funcionamento em outubro passado, com 800 agentes, o que não ocorreu. Num contexto de incremento de protestos de trabalhadores em Buenos Aires, a nova força policial foi interpretada como "tropa de choque" de Macri para reprimir os piquetes que frequentemente interrompem o trânsito na cidade.

Com agência