Conferência de Pernambuco reivindica novo marco regulatório

Profissionais da área, representantes do poder público, da sociedade civil empresarial, do movimento social e convidados participaram intensamente dos debates formulando ao final um conjunto de mais de 500 propostas para a democratização e normatização da mídia brasileira. Os três dias de trabalhos aconteceram no hotel Jangadeiro, em Boa Viagem, Recife.

Sexta-feira

A abertura da Confecom/PE já antecipou as expectativas de um debate crítico e democrático que viria a acontecer nos dias posteriores. A mesa foi composta pelo secretário especial de imprensa do Governo de Pernambuco, jornalista Evaldo Costa, também coordenador geral da Conferência, do representante dos trabalhadores na comunicação do estado, radialista Aldo Loreto, da representante do FNDC, entre outros.

Sábado

Três eixos temáticos foram previstos para introduzir o debate e auxiliar na elaboração das propostas a partir da exposição dos temas em três painéis. O primeiro painel “Política e participação” referente ao eixo “Cidadania: direitos e deveres” contou com o jornalista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo-UFES, Edgar Rebouças. No início de sua fala ele lembrou que o homem estava programado para ir à lua em 2010, mas terminou indo mais cedo, em 1969. “Apesar deste grande feito, quase nada foi trazido de novo sobre lua. Que desta Confecom possa sair avanços significativos para o futuro da comunicação no Brasil e que ela não fique apenas em papeis” disse ele.

O segundo painel girou em torno do eixo “Produção de conteúdo” sob o título “Os desafios da produção de conteúdo e a diversidade cultural do Brasil” e teve a participação do editor da TV Globo/PE, Fernando Buarque, a representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) na coordenação executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Roseli Goffman e a presidente da Fundação Aperipê TV Pública de Sergipe, Indira Amaral.

Para o editor Fernando Buarque a inclusão social também se dará através da TV Digital e seus benefícios. Já a psicóloga Roseli Goffman, apresentou diretrizes para uma comunicação mais democrática. Segundo ela a cultura e a comunicação não podem ser vistas como dois pontos separados, pois a mídia tem um papel fundamental na vida dos cidadãos. “A filosofia diz que nós somos seres do hábito e da contemplação”, explicou. Disse ainda que o sistema público de comunicação deva ser trabalhado. A mesma idéia também foi defendida por Indira Amaral que, primeiramente ressaltou a importância desta Conferência de Comunicação. “O sistema público de comunicação deve ser mais debatido porque ainda é uma novidade. Vamos ter que legitimar a TV brasileira com sotaques diferentes, abrir o mercado de trabalho para os jovens que trabalham em outras atividades” enfatiza.

O terceiro painel introdutório “A comunicação no contexto das novas tecnologias” dissecou o eixo “Meios de distribuição”. Em seguida à apresentação dos três painéis foram iniciados os debates a partir de três grupos de trabalho, cada um englobando um eixo temático, que continuou até as 13:00 horas do dia seguinte.

Domingo

O último dia da Conferência foi dedicado à realização da plenária final com a
apresentação dos relatórios dos três grupos de trabalho, que foram consolidados em uma única peça com mais de 500 propostas a ser encaminhada para a etapa nacional que acontecerá em Brasília de 14 a 17 de dezembro.

Por fim, houve a eleição dos 68 delegados que representarão Pernambuco, sendo 30 da sociedade civil, 30 da sociedade civil empresarial e oito do poder público. Entre os delgados eleitos estão o diretor de comunicação do sindicato dos professores de Pernambuco (SINTEPE), Zélito Passavante, a representante da UNEGRO, Fernanda Lima, o responsável pelo CUCA da UNE no estado, estudante Rafael “Buda”, o publicitário Guido Bianchi e Lourinaldo Araújo “Dinho” do movimento popular de Caruaru.