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Dutra tem votação recorde; veja o mapa do PT pós-PED

José Eduardo Dutra, da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), teve a maior votação já alcançada desde que a sigla optou pelo processo de eleição direta (PED) de seu presidente, em 2001. Dutra suplantou a marca de José Dirceu no PED inaugural (55,6%). Ele chegou a 58%, com 97% dos votos apurados. A cúpula petista vê no resultado um aval para a política de aliança ampla, preferencialmente com o PMDB, para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Veja o mapa do PT saído da PED.


O mapa e as tabelas ao lado dão maiores informações. O número 58% dá apenas uma pálida ideia da maioria formada pela CNB, em um partido onde as tendências ocupam um papel de destaque. Mais ainda porque as duas últimas PEDs, que conduziram Ricardo Berzoini à presidência da legenda, requereram um segundo turno (Berzoini teve 42,0% em 2005 e 43,6% em 2007), bastante concorrido no caso de 2005, com o PT vivendo os impactos da crise do 'Mensalão'.

Hegemonia da CNB se reproduz nos estados

Na disputa com Dutra o segundo lugar ficou com o deputado federal José Eduardo Cardozo (SP), com 17%, em um quadro de relativa pulverização dos votos entre os cinco concorrentes de fora da CNB. Além disso, o ex-senador por Sergipe e ex-presidente da Petrobras venceu em todos os estados exceto o Rio Grande do Sul e Espírito Santo. E em 21 deles alcançou maioria absoluta dos votos válidos.

O cenário favorável à CNB se completa com os processos estaduais. A tendência, majoritária (com diferentes nomes) desde a fundação do partido, elegeu seu candidato em 19 dos 23 estados que decidiram a PED no primeiro turno, e mais o independente porém aliado Edinho Silva, reeleito presidente em São Paulo com 91% dos votos.

Dos cinco processos que iriam para segundo turno, o Rio Grande do Norte decidiu-se pela desistência do candidato independente que enfrentaria a CNB. E em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Amapá são dois membros da corrente majoritária que se defrontarão no domingo que vem (6). Apenas no Maranhão tendências concorrentes irão ao segundo turno.

Resultado afasta temor de disputa interna

Um petista que trabalha diretamente na pré-campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência, citado pelo Valor Online, avaliou que os novos dirigentes estaduais "todos vão assumir com legitimidade para negociar os acordos partidários" em alianças visando construir o palanque de Dilma. Ele citou o caso de Edinho, defensor do apoio à candidatura do deputado Ciro Gomes, do PSB, ao governo paulista.

Ainda onforme o Valor, que ouviu uma liderança petista, a esquerda da legenda e a Mensagem ao Partido – corrente que tem em suas fileiras o ministro da Justiça, Tarso Genro – foram os maiores derrotados.

"O resultado do PED afastou o temor de que uma disputa interna no PT, a um ano das eleições presidenciais de 2010, provocasse estragos na unidade partidária. O receio era tanto que a cúpula petista tentou, no início do ano, convencer o chefe do gabinete pessoal da Presidência da República, Gilberto Carvalho, a concorrer a presidente do PT. A esperança era que uma candidatura de consenso levasse paz ao partido, evitando 'bater chapa' para escolha da militância", comenta a matéria do Valor, assinada por Paulo de Tarso Lyra, de Brasília.

"O resultado final foi muito melhor do que a candidatura consensual. Teríamos que fazer acordos com as diversas correntes. Agora não. A vitória foi legitimada pela militância", acrescentou para o Valor o líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza (SP).

Número de votantes deu um salto

"O PED foi um sucesso de público e de crítica", comemorou José Eduardo Dutra. Ele destacou o comparecimento às urnas, de mais de 450 mil filiados petistas, contra 315 mil em 2005 e 326 mil em 2007.

A tendência Construindo um Novo Brasil também vai ter folga no Diretório Nacional. O grupo aliou-se ao PT de Luta e de Massas e ao Novos Rumos, e indicará 60% dos delegados para a cúpula partidária que assumirá em fevereiro. Na última eleição, esse percentual era de apenas 45%.

O próximo passo da vida partidária petista será o Congresso Nacional, marcado para fevereiro. Umd das decisões que serão tomadas, a indicação de Dilma para concorrer à Presidência, deve obter forte consenso, dado ao peso sem precedentes da opinião de Lula entre os seus correligionários. As polêmicas no Congresso devem ficar por conta da política de alianças nos casos específicos de alguns estados.

Da redação, com PED/PT e Valor Online