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O vermelho e o violeta: análise do 'No B Day' em Roma

Na sexta-feira (4) a capa deste jornal dava corpo a uma sensação que era também uma esperança e um voto: Saiam a campo, escrevemos sob a foto de um grupo muito jovem, tendo nas mãos o manifesto do 'No B Day' [Dia do Não a Berlusconi]. Pois bem, ontem (5), viu-se nas ruas de Roma algo realmente novo, inédito. E promissor.

Por Dino Greco, no Liberazione*

Aquela geração que passa as semanas na rede, que tomou consciência de si, de suas possibilidades de ação política direta, reencontrou-se na praça, para dizer que [o primeiro ministro Silvio] Berlusconi, e com ele tudo de pobre que contamina esse fatigado país, devem ir embora.

Um cortejo impressionante, pela quantidade de pessoas que o compios e mais ainda pela intensidade de uma participação que emanava da consciência deuma responsabilidade coletiva.

Era exatamente o contrário daquela passividade resignada que temeramos que acontecesse no clima de degeneração que emana dos palácios do poder. Quem acompanhou a passeata atee a Praça San Giovanni, pequena demais desta vez, não pode ter deixado de sentir uma emoção profunda.

Porque o protesto em coro, o reclamo compartilhado de justiça, de igualdade, de limpeza, eram proclamados de mil maneiras diferentes, como se cada um os quisesse expressar de um modo próprio, com um sinal, um cartaz, um lema, uma peca de roupa.

Havia o violeta, a cor adotada pelos organizadores da manifestação. E havia o vermelho das bandeiras da Federação da Esquerda, que pela manhã, em um Teatro Brancaccio transbordante. lançara a pedra angular de uma esquerda unida e plural. Que agora é chamada à obra mais necessária, de lançar raízes em todo o país e tornar-se – sem presunção – a interlocutora dos movimentos, dos variados conflitos sociais, de uma demanda de democracia que ficou demasiado tempo sem ser ouvida nem menos ainda representada.

A noite por certo ainda não acabou. Mas é possível que alguma coisa comece a mudar de verdade.

* Diário da Refundação Comunista italiana; fonte: http://www.liberazione.it