UFRJ aprova plano diretor e expande vagas para graduação

Nos principais pontos aprovados no documento final estão os novos conceitos que irão vigorar ate 2020 no planejamento de expansão e reestruturação da instituição: a dupla integração da universidade, tanto interna quanto externa, a administração dos espaços e edificações a partir de uma visão de conjunto, e o planejamento do desenvolvimento institucional da UFRJ de longo prazo, tendo um horizonte intermediário entre 2012 e 2016. Essa ampla discussão culminou com a vitória de uma visão de uma universidade mais integrada, ao contrario da sua construção histórica desfragmentada. São os primeiros passos para implantação do que se espera de uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Abre espaço para que a instituição se transforme em um espaço e instrumento de luta pela justiça social e pela construção de projeto nacional de desenvolvimento.

Essa discussão dos rumos da instituição teve com ápice a decisão histórica do Consuni de 18 de outubro de 2007 que deliberou as seguintes diretrizes para a reestruturação e expansão da UFRJ:

(1) Expansão e reestruturação, ampliando vagas com garantia de qualificação crescente das atividades de ensino de graduação e de pós-graduação, pesquisa e extensão, estimulando a difusão de uma cultura humanística e crítica, e fortalecendo, enriquecendo e multiplicando as possibilidades de formação profissional, científica e cultural dos estudantes;

(2) Criação de novos mecanismos de acesso à Universidade, alternativos e complementares ao processo seletivo atual;

(3) Redefinição da estrutura de organização e de administração acadêmica, para tornar a UFRJ mais comprometida com os processos de geração e difusão de conhecimentos e mais apta a enfrentar os desafios que se colocam para a sociedade brasileira;

(4) “Atualização do Plano Diretor de Ocupação da Ilha da Cidade Universitária e reordenamento espacial das unidades acadêmicas e administrativas, compatíveis com o conjunto de objetivos do Programa e adequados à indução das transformações planejadas”

No ano de 2009 novos cursos foram implantados e outros expandiram suas vagas inclusive para o período noturno. Foram mais 1.000 vagas em relação ao ano de 2008 dentro do REUNI – Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, coordenado pelo MEC.

Novos Cursos em 2009
Terapia Ocupacional
Saúde Coletiva
Bacharelado em Ciências da Matemática e da Terra
Comunicação Visual Design
História da Arte
Relações Internacionais
Licenciatura em Ciências Sociais

Novas Turmas:
Ciências Biológicas Modalidade Biofísica (Xerém)
Enfermagem e Obstetrícia (Macaé)
Medicina (Macaé)
Nutrição (Macaé)
Cursos com ampliação de vagas:
Licenciatura em Ciências Biológicas
Licenciatura em Ciências Biológicas / Macaé
Ciências Biológicas Modalidade Médica
Fisioterapia
Fonoaudiologia
Nutrição
Engenharia Química
Engenharia
Química Industrial
Artes Cênicas / Indumentária
Composição de Interior
Biblioteconomia e gestão de Unidades de Informação
Comunicação Social
Dança
Bacharelado em Música

Novos Cursos de Graduação para 2010
· Ciências biológicas: biotecnologia (Xerém);
· Engenharia Nuclear;
· Nanotecnologia;
· Nanotecnologia (Xerém);
· Defesa e gestão estratégica internacional;
· Gestão pública para o desenvolvimento econômico e social;
· Conservação e restauração;
· Licenciatura em Dança;
· Teoria da Dança
· Licenciatura Letras – português – literatura (N);
· Bacharelado em música – bandolim;
· Bacharelado em música – regência coral;
· Bacharelado em música – regência de banda;
· Bacharelado em música – regência de orquestra;

Mais investimentos

Essa política de expansão da UFRJ faz parte de um planejamento de expansão de vagas que chegara a 12.000 vagas por ano em 2012 (o dobro de 2008), acompanhado de recursos orçamentários que em 2010 chegarão a R$ 180 milhões, superior aos R$ 45 milhões em 2003.

Ao aprovar seu projeto de reestruturação e expansão, a UFRJ teve alocação de verbas e vagas para docentes e técnico administrativos. Entre 2004 a 2008 (antes de o Governo Federal lançar o REUNI), foram realizados 396 concursos. Em 2009 já foram realizados mais de 400 concursos para novos docentes. Um planejamento que dobrará o número de docentes até 2012, terminado em definitivo com o enorme número de professores substitutos, uma reivindicação histórica dos movimentos sociais da universidade.

A principal mudança está ocorrendo no campus da Cidade Universitária, concebido há mais de 50 anos, que ate 2020 sofrerá mudanças profundas e a construção de novos prédios para abrigar as unidades isoladas no Centro da Cidade e na Praia Vermelha. Essa política de esfacelamento da época da ditadura militar foi cruel, pois deixou espalhadas em vários locais da cidade as unidades de Ciências Sociais e Humanas e concentrando na Cidade Universitária as ligadas às Ciências Exatas e da Saúde fazendo com que elas se desenvolvessem de forma mais uniforme devido ao aporte de recursos orçamentários. Hoje, com a crescente expansão do ensino superior, fica impossível as aulas de graduação continuarem nos prédios históricos.

O Plano Diretor prevê inovações que terão grande impacto na área de aproximadamente quatro milhões e seiscentos e cinquenta mil metros quadrados (equivalente a Ipanema e Leblon juntos) e externamente com ligações na área de transporte com o entorno, caminhando para uma cidade com 150.000 pessoas circulando diariamente com 12.0000 residindo no campus. Deixara de ser um Fundão, um ponto isolado, para ser um pólo de atração cultural e de lazer.

Nessa nova Cidade Universitária haverá centros culturais, cinemas, teatros, bibliotecas, museus, estádios esportivos, restaurantes e a revitalização de toda a orla voltada para a Ilha do Governador. Quem hoje reside e irá mais tarde habitar as novas residências de locação social e os alojamentos estudantis irão gravitar em torno dos seis eixos de integração.

Em torno de cada um haverá uma residência universitária (aproximadamente 5.000 vagas para estudantes de graduação e pós graduação), locação social para professores e técnicos administrativos. Para aqueles que necessitarem pernoitar no campus está previsto a construção de um Hotel de trânsito, bibliotecas, novos restaurantes universitários centros culturais e esportivos, bares e restaurantes.

Para novos cursos e transferências de unidades isoladas fora da Cidade Universitária novos prédios estão sendo construídos. A circulação de veículos deverá ser fortemente desestimulada, as atuais avenidas – planejadas para veículos circularem a mais 100 Km/h – serão substituídas por vias projetadas para apenas 40 Km/h. Trens magnéticos, ônibus, ciclovias e calçadas serão os meios de transporte interno a serem estimulados. O acesso poderá ser melhorado com integração ao trem ou metrô que interligará o metrô ao Aeroporto Tom Jobim com estação de integração no campus. Ligação marítima ligando o campus a Praça XV e a Niterói estão sendo previstas.

Toda a concepção e a execução deste Plano Diretor ultrapassam as fronteiras da Universidade, ela deve envolver e engajar os governos federal, estadual e dos municípios da Região Metropolitana, assim como outros municípios que já acolhem, ou vierem a acolher, unidades da UFRJ como as do Pólo de Xerém e de Campus de Macaé.

Muito importantes são as articulações e os diálogos com as organizações da sociedade civil e com movimentos sociais, de modo que a UFRJ, embora permanecendo uma instituição federal, seja de fato assumida como uma universidade da nossa cidade e do nosso estado.

Ao alcançar os objetivos em 2020, a Cidade Universitária da UFRJ, enquanto complexo urbano, deverá ser um campo de inovação urbanística aproveitando o conhecimento produzido nos laboratórios da instituição e um de Responsabilidade Ambiental e Energética entendo que a questão ambiental e energética deve estar presente em todos os projetos que serão executados pelo Plano Diretor UFRJ 2020.

* Prefeito do Campus da UFRJ e membro da direção estadual do PCdoB-RJ.