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Decisões da Justiça apontam novos rumos para crise política no DF

A Justiça é quem tem demonstrado maior atuação no caso de apuração do suposto esquema de corrupção no Governo do Distrito Federal. O juiz Vinicius Santos Silva, da 7ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do DF afastou os oito deputados distritais envolvidos nas denúncias da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O juiz decidiu que os parlamentares estão impedidos de participar de qualquer ato de julgamento do impeachment do governador José Roberto Arruda (ex-DEM).

A decisão do juiz fez com que o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o esquema de corrupção, deputado Alírio Neto (PPS), anulasse, nesta quinta-feira (21) a comissão intitulada CPI da Codeplan. Dos cinco membros da comissão, quatro foram a favor de encerrar a CPI, todos integrantes da base de apoio a Arruda.

Além de determinar o afastamento dos deputados, o juiz declarou nulo todo ato
deliberativo já praticado pela Casa, no qual houve a interferência direta e cômputo do voto dos deputados ora afastados. Segundo Alírio, os distritais afastados assinaram os atos para indicação dos membros da CPI e também de autoconvocação da Casa.

O Judiciário não quer que essa Casa se manifeste sobre tudo isso que está acontecendo. É uma ingerência descabida do Judiciário no Legislativo, que fere o Estado democrático de Direito, afirmou Batista das Cooperativas (PRP), vice-presidente da CPI.

Apenas o deputado Paulo Tadeu (PT), único membro da oposição no colegiado, foi contra o fim da comissão. O petista argumentou que o juiz declarou nulidade somente os atos relacionados aos processos de impeachment, o que não englobaria a comissão. Nem o juiz nem o Ministério Público determinaram o cancelamento da CPI. Não tenho dúvidas, afirmou.

Juiz da própria causa

Ao julgar o pedido de afastamento dos deputados envolvidos no esquema e que fariam parte das duas comissões, o juiz disse que "a participação de alguém em investigação, em procedimento, onde se apuram fatos relacionados à sua pessoa, fere as mais elementares regras da razão. É atentado frontal à razoabilidade, moralidade e impessoalidade, previstos no caput do artigo 37 da Constituição da República", ressaltando que a ninguém é dado o direito de "ser juiz da própria causa".

A ação atinge os deputados Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP), Benício Tavares (PMDB), Eurides Brito (PMDB), Júnior Brunelli (PSC), Leonardo Prudente (ex-DEM), Rogério Ulysses (ex-PSB) e Rôney Nemer (PMDB), além dos suplentes Berinaldo Pontes (PP) e Pedro do Ovo (PRP), que são citados no inquérito da Polícia Federal. Esses deputados também respondem a processo por quebra de decoro parlamentar na Câmara e podem ser cassados.

Novos rumos

Por determinação também da Justiça, o deputado Leonardo Prudente continua afastado do cargo de Presidente da Assembléia Legislativa do DF. O presidente em exercício, Cabo Patrício (PT), comandou, nesta quinta-feira (21) reunião da Mesa Diretora para definir os novos rumos da Casa.

Ele determinou a convocação extraordinária dos deputados distritais a partir das 10 horas da próxima segunda-feira (25). Na prática, o recesso parlamentar estará encerrado e todos os deputados deverão voltar ao trabalho.

A pauta da convocação é discutir sobre as duas decisões judiciais – de afastamento de Leonardo Prudente da Presidência da Casa e dos oito deputados distritais e dois suplentes de participarem da análise e votação dos processos de impeachment contra o governador Arruda.

Sem depoimentos

Com o fim da CPI, foi cancelado o o depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa que denunciou o esquema de corrupção, que aconteceria na próxima terça-feira (26).

Até agora a PF também não conseguiu colher nenhum depoimento. Com liminares expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, os acusados ficaram calados. Primeiro foi o policial civil aposentado Marcelo Toledo Watson, apontado na Operação Caixa de Pandora como arrecadador de dinheiro de empresas que seria repassado à cúpula do Governo do Distrito Federal como propina. Ele não fez nenhuma declaração em seu depoimento à PF.

Em seguida, foi a vez do ex-chefe da Casa Civil do governo do Distrito Federal, José Geraldo Maciel. Ele usou o direito de permanecer calado no depoimento. Maciel está afastado do cargo após ter seu nome citado em grampo feito pela Operação Caixa de Pandora. O nome dele também aparece em conversa entre o governador José Roberto Arruda e o ex-secretário, Durval Barbosa. Na ocasião, Arruda pede para que seja centralizado em Maciel o esquema de distribuição do dinheiro ilegal para membros do GDF.

O sócio-proprietário da Politec Global IT, Hélio Santos Oliveira, uma das 30 empresas investigadas pela PF, que deveria ter sido ouvido, pediu o adiamento alegando que seu advogado está ausente de Brasília. A PF ainda não marcou nova data para ouvi-lo.

Da sucursal de Brasília
Com agências