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Amorim: Haiti vai precisar de "Plano Lula" para se reconstruir

Em visita a Porto Príncipe, capital do Haiti, ministro das Relações Exteriores Celso Amorim disse no sábado (23) que o país vai precisar de um "Plano Lula" para conseguir reconstruir o país devastado por terremotos.

A recuperação do país, afirma o ministro, só acontecerá se for assegurada a coordenação política e operacional da Organização das Nações Unidas (ONU) na reconstrução e a inclusão do governo haitiano nesse processo.

O ministro complementou que aprova as diligências do primeiro ministro Jean-Max Bellerive na condução dos primeiros socorros depois do terremoto do último dia 12. "O primeiro ministro está muito atento. Muito centrado", resumiu.

Amorim reafirmou que o Brasil está disposto a preparar haitianos para administrar o país, e que a Escola de Administração Fazendária pode ser usada para isso. "O Haiti precisa de uma alfândega."

Ele alertou ainda que o Brasil pretende montar projetos para a reconstrução do país, e que o dinheiro para isso sairia dos agora US$ 30 milhões que serão doados pelo governo brasileiro.

Amorim fez a oferta depois de ser questionado por um jornalista sobre a possibilidade, apresentada pelo FMI, de se adotar para o Haiti um novo plano Marshall, o programa pilotado pelos EUA que norteou e financiou a reconstrução de países europeus devastados pela Segunda Guerra Mundial.

"Por que tem que ser um plano Marshall? Pode ser plano Lula. Não é só quem dá mais dinheiro, é quem está mais empenhado", disse o ministro em entrevista coletiva na base das tropas brasileiras que comandam desde 2004 a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti).

O ministro esteve em Porto Príncipe durante o sábado para realizar reuniões com líderes haitianos, das Nações Unidas e brasileiros.

Liderança local

Antes da reunião, Amorim já havia dito que que o Brasil "não está preocupado" com a liderança regional, e sim com a "reconstrução" do Haiti.

"Ao contrário do que a mídia pode pensar, o Brasil não está preocupado com a liderança regional, mas sim em ajudar o Haiti, com respeito aos mandatos internacionais e com respeito ao governo do Haiti", disse o ministro brasileiro.

Nesta sexta-feira, o general Floriano Peixoto, que lidera as forças de paz das Nações Unidas no Haiti, disse que a presença brasileira no país caribenho é uma oportunidade para o Brasil "mostrar sua importância".

Ainda de acordo com o general, o Brasil tem "um peso enorme" na intermediação de conflitos e que a participação brasileira no Haiti "contribui bastante" para a campanha do país por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Segundo Amorim, "é importante que o povo do Haiti sinta que seu governo, o governo que ele elegeu, é o governo que está conduzindo (o processo de reconstrução), naturalmente com o apoio da comunidade internacional".

A presença de mais de cinco mil militares americanos no Haiti suscitou uma discussão sobre quem estaria à frente, tanto da segurança como da reconstrução do país caribenho.

A expectativa é de que até 15 mil militares americanos estejam em território haitiano até a próxima semana. O Brasil, que comanda as forças de paz da ONU, tem 1.266 homens e pretende dobrar esse número. O assunto será discutido nesta segunda-feira, pelo Congresso Nacional.

Com agências
Matéria reeditada às 16h30 para acréscimo de informações