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MST promove ato contra criminalização do movimento e lança nota

Nesta quinta-feira (28/1), o MST realizou um ato contra a criminaklização dos movimentos sociais, durante o Fórum Social Mundial em porto Alegre. O movimento lançou também uma nota sobre as prisões de seus militantes ocorridas nesta semana em São Paulo (SP).

O ato contra a criminalização dos movimentos sociais reuniu mais de 300 ativistas do movimento popular, sindical e estudantil, que lotaram a sala João Neves da Fontoura (Plenarinho), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, na noite desta quinta-feira (28/1), durante o Fórum Social Mundial. A manifestação denunciou a ofensiva da direita contra as lutas de trabalhadores organizados por direitos sociais, que se intensificou nesta semana com a prisão de nove militantes do MST no interior de São Paulo.

O jurista Jacques Távora Alfonsin, procurador do Estado do Rio Grande do Sul aposentado, denunciou que o processo de criminalização se sustenta em um tripé inconstitucional, formado por vigilância, controle e correção. Segundo ele, as polícias e as grandes empresas andam de mãos dadas no processo de perseguição dos militantes sociais. “Nunca houve neste país uma ligação tão íntima entre o aparelho policial e o poder econômico”, afirmou. Depois do processo de vigilância, o Poder Judiciário passa a autorizar formas de controle, que são legitimados por uma campanha dos meios de comunicação de massa para tachar os militantes como criminosos.

"Quando atacam um sem-terra, atacam nossa classe"

Para o secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, o ataque a uma série de organizações do movimento social, sindical e estudantil demonstra que o alvo da ofensiva dos setores conservadores é a classe trabalhadora. “Quando atacam um sem-terra, um pequena produtor ou um metalúrgico atacam a nossa classe”, disse Quintino. “Precisamos ter cada vez mais unidade para rechaçar esses ataques”.

O integrante da coordenação nacional do MST, João Pedro Stedile, acredita que as forças de direita passaram a utilizar com mais intensidade os instrumentos que têm maior controle, depois da eleição do presidente Lula. Para ele, os principais instrumentos da direita são o Poder Judiciário, o Poder Legislativo e os meios de comunicação de massa. “Querem criminalizar toda a luta social”, afirma.

“O presidente do STF [Gilmar Mendes] é o porta-voz do comitê central da direita brasileira”, disse João Pedro. Por isso, Mendes entra no cenário político para dar opiniões consideradas anti-populares fora dos autos sobre uma série de temas.

Papel dos meios de comunicação

João Pedro avalia também que os meios de comunicação atuam para “criar uma influência na opinião pública para justificar a repressão”. Um exemplo é a cobertura da prisão de nove trabalhadores rurais ligados ao MST na região onde foi realizado um protesto contra grilagem de terras pela transnacional Cutrale.

Enquanto a Rede Globo vem fazendo matérias diariamente sobre as prisões, não deu atenção para os resultados da Operação Fanta, da Polícia Federal, que tem provas de que a Cutrale e outras empresas formaram um cartel e passaram a definir preços e datas de compra de laranja de produtores, desrespeitando as regras do mercado.

Participaram também do ato o presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Ivar Pavan (PT), o deputado estadual Dionilson Marcon (PT), o ativista da Via Campesina Daniel Pascual (Guatemala), a militante da Frente Nacional de Resistência Popular de Honduras Lorena Zelaya e o ativista francês Christophe Aguiton (ATTAC).