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Para além do que exibe a TV, Carnaval é de jovens e trabalhadores

Nem só de desfiles de grandes escolas de samba é feito o Carnaval. Para além do que mostra a TV Globo, há uma grande festa popular promovida pelo próprio folião, que inventa fantasias, coloca seu bloco na rua e cria espaço para a proliferação de uma cultura de resistência. Nesse sentido, o caráter democrático da festa a torna palco para manifestações culturais legítimas dos movimentos sociais.

Entidades estudantis e da classe trabalhadora ajudam a promover a folia, levando às ruas suas bandeiras, com irreverência e descontração. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), por exemplo, há quatro anos, mantém o bloco Unidos da Lona Preta na Grande São Paulo. Vinculada às ocupações urbanas, este ano, a agremiação fará sua concentração nesta sexta (12) às 19h, na Comuna Urbama Dom Hélder Câmara, no município de Jandira.

De acorco com a entidade, antes mesmo do Carnaval, o boco reúne militantes em diversas atividades tendo como eixo, além da formação política, a capacitação na área musical. "A experiência faz parte de um processo de afirmação política por meio da cultura e da organização da luta pela terra vinculada ao processo de construção de uma identidade coletiva com elementos culturais urbanos e camponeses", afirma o MST.

Segundo João Campos, um dos coordenadores do bloco, o trabalho da Unidos da Lona Preta tem dois objetivos principais. O primeiro é entender o bloco como um instrumento de formação e mobilização da juventude e da militância em geral. E o segundo é desenvolver o diálogo com a sociedade por meio do carnaval de rua. A ideia é "defender uma cultura que é própria da classe trabalhadora para que a criação artística não se transforme em espetáculo".

Crítica irreverente

Sempre palco de protestos espontâneos e engraçados, o Carnaval deste ano cederá espaço para críticas ao governo do Distrito Federal e ao Mensalão do DEM. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) já anunciou que desfilará no próximo domingo (14) em Brasília, sob o lema "Farra no DF, só se for na rua". A concentração acontecerá ao meio-dia, na 302 Norte. A central convida a população a participar, levando muito confete e serpentina, mas sem esquecer a indignação.

No mesmo caminho seguiu a Força Sindical, que levou seu bloco à Câmara dos Deputados na última terça-feira (09), para pressionar os parlamentares a aprovarem a PEC 231/95, que estabelece a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

Nesta sexta-feira (12), é a vez do Sindicato dos Metroviários de São Paulo promoverem sua festa de rua, com o desfile da Banda do Trem Elétrico, que acontece a partir das 19h, na esquina entre as ruas Augusta e Luís Coelho. A ideia é resgatar as raízes carnavalescas, estimulando a criação de fantasias. O evento, no qual serão escolhidas a rainha e as princesas da banda, termina na quandra do sindicato.

Juventude foliã

Também hoje é dia do bloco União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), Caras Pintadas, invadir as ruas do Bixiga. O início está marcado para as 17h e haverá show, trio elétrico, e bateria.

Já em Olinda, com o intuito de reunir a juventude, a União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), em conjunto com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), resolveram criar a Casa do Estudante no Carnaval, que em 2010 chega ao seu quinto ano. O espaço tornou-se um dos principais pontos de encontro dos estudantes.

Esse ano, a casa funcionará no período de 13 a 16 de fevereiro, ao lado da Prefeitura de Olinda, na Rua do São Bento com a 15 de novembro, um dos principais pontos do carnaval, por onde vários blocos passam obrigatoriamente. Na casa, onde são promovidos shows de cultura popular e da qual saem os blocos das entidades estudantis, há uma circulação diária de cerca de mil jovens. Para participar, basta apenas apresentar a carteira de estudante da UNE.

O coordenador do Cuca, Rafael Barreira, lembra que, estatisticamente, 70% dos foliões que frequentam o Carnaval de Olinda são jovens e, por isso, é importante as entidades estudantis marcarem terreno na festa. "Isso gera um diálogo com a juventude, ajuda a divulgar a entidade", colocou.

É nesse sentido que o Cuca promove todo ano o bloco Seu Cuca é Nós, que sai na segunda-feira de Carnaval à tarde, com direito a orquestra de frevo e estandarte. Por conta do grande público que reúne, a agremiação, que começou como uma brincadeira, já pensa em incorporar aspectos de uma troça maior, como promover a escolha de um tema e de um homenageado a partir do próximo ano.

Apesar da informalidade, nada impede que os próprios estudantes escolham espontaneamente um tema para a folia. Rafael Barreira conta que, no ano passado, muitas foras as alusões à marolinha da crise econômica.

Da Redação,
Com informações das entidades