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Osvaldo Bertolino: As fantasias da senadora Marina

Nada melhor que um bom fato, com áudio gravado ao vivo, exibido sem disfarces, para desfazer trapaças ideológicas e mostrar as coisas como elas realmente são. É o que acaba de ser demonstrado pela senadora e presidenciável do Partido Verde (PV), Marina Silva, em entrevista à doidivana Lucia Hippolito (ouça aqui), da rádio CBN do Rio de Janeiro.

Por Osvaldo Bertolino, em seu blog

Ela criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por “omissão e silêncio” em relação à morte do “dissidente” cubano Orlando Zapata Tamoyo. “A liberdade, os direitos humanos, a liberdade de expressão temos que defender como um princípio, um valor. No caso de Cuba, essas liberdades estão sendo cerceadas. Começam a criar constrangimento inclusive para aliados de Cuba”, disse ela.

A senadora também criticou a posição do Brasil em relação ao Irã. “O Brasil é o país ocidental que destoa dos demais. O princípio da ingerência não significa que não tenhamos postura cuidadosa em relação ao que todos começam a ver como um risco”, afirmou. Na cena doméstica, a senadora pôs no mesmo saco alhos e bugalhos. Para ela, tanto o trêfego Fernando Henrique Cardoso (FHC) quanto o exitoso presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizeram bem ao país.

Sem foco, Marina Silva reverberou barbaridades que ficam muito bem na boca de quem não mede tamanho para proferir torpezas. “Não podemos ficar reféns dessa combinação que é um pouco preocupante, da democracia representativa com a democracia direta. No caso da América Latina, a Venezuela tem uma ênfase plebiscitária que pode colocar em risco a alternância de poder, a subtração de liberdade. Nós não podemos, em hipótese alguma, compactuar com a subtração da liberdade, do direito de expressão, da livre forma de pensamento”, destacou ela.

De acordo com a senadora, Cuba também precisa se abrir para a “democracia”. “A revolução contribui com alguns aspectos? Contribuiu e muito. Agora, é o fim da história? Não é. Existe um desafio ali? Existe. Qual é o desafio? É de que Cuba precisa se abrir para o mundo, precisa se transformar numa a democracia. Cuba não tem que ter medo da democracia porque até os amigos de Cuba já começam a ser constrangidos pela falta de liberdade de expressão”, analisou.

O que ficou definitivamente claro, com a entrevista, é que já não existe mais nenhuma preocupação, por parte da senadora, em esconder o que é na vida real a sua candidatura: uma linha auxiliar da direita, com métodos cada vez mais semelhantes aos da atuação demotucana.

A vantagem disso tudo é que vai se tornando cada vez mais difícil manter de pé a fantasia segundo a qual a senadora pertence a um grupo de gente idealista que luta pela justiça democrática com tinturas esverdeadas.

Na prática, em que essa pregação desfocada do objetivo alegado — a defesa da democracia e dos direitos humanos — ajuda a causa do povo e do país? Com suas palavras, é a própria Marina Silva quem diz, em público, que não está interessada no assunto.

É um alivio que a senadora fale afinal essas coisas; até agora, quem ousava dizer que suas idéias deixaram há muito tempo de ter qualquer relevância para o campo progressista era alertado para alguma ressalva.

É difícil imaginar que alguma coisa concreta possa sair dessa salada preparada por Marina Silva — uma espécie de x-tudo, onde cabe hipocritamente qualquer coisa que diz respeito ao progresso humano, como a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. Ela serve para gerar tumulto e ferir a lógica dos fatos. E fica só nisso. Atrapalha, faz muito barulho e não contribui em nada para resolver as limitações da democracia brasileira.