Plano de saúde dos servidores reconhece relações homoafetivas

Depois de uma greve de 23 dias, os professores da rede pública de ensino de Salvador conquistaram uma vitória importante para todos os servidores municipais: a aprovação na tarde desta quarta-feira (3/3) do projeto que cria um plano de saúde para a categoria. A mensagem enviada para a Câmara de Vereadores pela Prefeitura sofreu ainda uma emenda importante, a inclusão de companheiros de uniões homoafetivas, além dos seus dependentes.

Antiga reivindicação dos servidores municipais, a instituição de um plano de saúde para a categoria, foi atendida pelos vereadores na sessão ordinária de ontem, quando foi aprovado em regime de urgência o substitutivo ao Projeto de Lei Complementar Nº 01/2010, enviado pelo Executivo. O projeto determina que o custeio do plano será dividido. Os servidores pagarão 40%, que será descontado na folha de pagamento, e a Prefeitura arcará com 60% do valor. A adesão ao plano é facultativa e será feita através da manifestação escrita do servidor.

“Essa aprovação é uma grande vitória para os servidores. A conquista foi muito importante, pois agora o nosso direito está assegurado. Foi mais um degrau que subimos, mas nossa luta pelo plano de saúde vai continuar. Agora vamos pressionar para que o plano seja implementado da melhor forma possível, para que atenda as necessidades de todos os trabalhadores do Executivo e Legislativo municipal”, ressaltou a diretora da Associação dos Professores Licenciados da Bahia (APLB), Elza Melo.

Para o coordenador-geral do Sindicato dos Servidores Municipais (Sindseps), Everaldo Braga, a adesão ao plano de saúde – que é facultativo – será massiva. “Não tenho dúvidas de que quase a totalidade dos trabalhadores irá aderir devido à falta de uma assistência de saúde no município que atenda aos anseios dos servidores. O IPS (Instituto de Previdência de Salvador) deixou de existir após a reforma administrativa do governo municipal e os servidores ficaram sem assistência”, relatou Braga

União homoafetiva

O projeto aprovado pela Câmara traz avanços importantes, proporcionados por duas emendas da vereadora Vânia Galvão (PT) que versam sobre o tratamento igualitário aos servidores e seus dependentes a despeito de sua orientação sexual. Com a emenda, o plano de saúde abarcará os companheiros de uniões homoafetivas, além dos seus dependentes. “É um avanço muito grande que faz história. Trata-se de uma conquista do segmento que, pela primeira vez no âmbito estadual, reconhece o direito ao plano de saúde em uma união homoafetiva”, diz Vânia.

A professora Jaiaci Fonseca, na rede municipal há 12 anos, também comemora o reconhecimento das uniões homoafetivas pelo plano. “Isto é um grande avanço e pode ajudar também a diminuir o preconceito contra os homossexuais. Eu mesma já sofri muito preconceito e o fato da Câmara e a Prefeitura reconhecerem os direitos dos nossos companheiros é muito importante. Além disso, tem a questão do acesso à saúde, um direito que era negado aos servidores municipais a pelo menos quatro anos”, reforça Jaiaci.

De Salvador,
Eliane Costa