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Para vice de Obama, Estado sionista é o melhor amigo dos EUA

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante sua visita a Israel, declarou, depois de conversações com as autoridades desse país, em seu nome e do presidente Barack Obama que os EUA “não tem melhor amigo na comunidade internacional que Israel”.

Por José Reinaldo Carvalho*

Com isso, coloca um ponto final nas especulações de que há uma crise entre Israel e Estados Unidos devido às críticas que fizera na véspera ao governo israelense pela construção de 1.600 casas para colonos israelenses em uma área usurpada pelos sionistas aos palestinos em Jerusalém oriental.

Efetivamente, não há, nunca houve nem haverá “grave crise diplomática”, como foi veiculado pelos meios de comunicação internacionais, entre Estados Unidos e Israel. Biden havia criticado o assentamento colonialista em terras palestinas porque se trata de mais uma ação claramente ilegal por parte do governo sionista e direitista de Benjamin Netanyahu, como são todas as instalações de assentamentos de colonos israelenses nos territórios palestinos ocupados em 1967.

Não é possível sustentar uma retórica de defesa do multilateralismo e do apego ao direito internacional e ao mesmo tempo apoiar algo que não é reconhecido pelas Nações Unidas. A política expansionista inflexível e radical do governo israelense vez por outra coloca o seu “melhor amigo” em situações constrangedoras que provocam declarações desencontradas.

Igualmente, a instalação sistemática de assentamentos de colonos desperta a justa revolta dos palestinos, a sua legítima ira e o descontentamento em todo o mundo árabe, aumentando os fatores de crise no Oriente Médio, região onde são muitos os focos de tensão. No presente momento, as atenções dos Estados Unidos estão concentradas em sancionar e agredir o Irã, para o que precisa contar com amplas alianças.

Os Estados Unidos continuam enredados em grandes problemas políticos e militares decorrentes das guerras de agressão que levam a efeito no Iraque e no Afeganistão, onde cresce a resistência. A estabilidade desejada pelos ocupantes e por seus títeres locais não passa de uma quimera. É nesse quadro que os Estados Unidos necessitam de dar algum encaminhamento ao conflito palestino-israelense, para o que precisa contar com a boa vontade da Autoridade Nacional Palestina. Como obtê-lo se não critica a política de construção de assentamentos de colonos, se esta faz parte, na correta interpretação daquela autoridade, de um plano de extermínio da população palestina?

Como Israel não está disposto a fazer qualquer concessão, por ser um país essencialmente agressivo e expansionista, o imperialismo norte-americano, confrontado com a dura realidade dos fatos, também faz as opções que correspondem aos seus interesses estratégicos fundamentais.

O fato é que, apesar da retórica de Obama, de seu vice e da sua secretária de Estado, não há qualquer sinal de outra política distinta da que vem sendo posta em prática, para a região do Oriente Médio como um todo e para a questão palestina em particular. Dizíamos durante o 12º Congresso do PCdoB, em novembro último: “A rigor, nada se alterou nos propósitos do imperialismo estadunidense quanto à execução do plano de reestruturação do Oriente Médio, de acordo com os objetivos estratégicos de domínio dessa importante região, rica em recursos energéticos”.

No seu afanoso empenho para moldar a região segundo os seus interesses, o imperialismo norte-americano conta fundamentalmente com seu “melhor amigo”, o Estado sionista, agressivo, expansionista e belicista de Israel.

Este aumenta cada vez mais a sua arrogância, intransigência e violência contra os palestinos, povo que de fato pretende exterminar. É indisfarçável o seu propósito de soerguer um estado étnico, religioso fundamentalista e imperialista na região. Como é indisfarçável também que estes propósitos específicos dos sionistas são funcionais aos interesses estratégicos do imperialismo norte-americano na região. Vale dizer, entre parênteses, que nessa matéria, como em outras, o bom combate ao imperialismo pressupõe entrelaçamento entre estratégia e tática, algo que o inimigo, que jamais se afasta da defesa dos seus interesses fundamentais, sabe fazer muito bem.

Israel ostenta o título de “melhor amigo” dos Estados Unidos. Por esta razão e pelos crimes de lesa-humanidade que sistematicamente comete, é inimigo do povo palestino, dos povos árabes e dos povos do mundo amantes da paz, da liberdade, da in dependência nacional e da justiça. Por isso, os povos estão com a luta e a resistência dos palestinos, iraquianos, afegãos, não aceitam as sanções ao Irã e repudiam a amizade entre EUA e Israel como algo que ameaça toda a humanidade.

* José Reinaldo Carvalho é editor do Vermelho